domingo, 11 de dezembro de 2011

Stevie Wonder e a música brasileira


Originalmente publicado em outubro de 2011 no TomNeto.com.


No momento em que Stevie Wonder [no detalhe] incluiu “Garota de Ipanema” no roteiro de sua recente apresentação no Rock In Rio, muitos podem ter pensado que tratava-se de mais um exemplo de “gringo fazendo média” — quando, na verdade, não é nenhum pecado que um músico estrangeiro tenha um gesto de “simpatia” para com a cultura de um país em que esteja visitando.

(Ainda que, em alguns casos, seja pura demagogia mesmo...)

Wonder, entretanto, possui uma ligação antiga com a música brasileira — tendo, inclusive, participado de trabalhos de artistas nacionais como Djavan e Sérgio Mendes [saiba mais aqui].

Em seu álbum Live, de 1970, Stevie gravou uma versão em inglês de Sergio Mendes — de quem é amigo de longa data — para “Sá Marina”, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, sucesso na voz de Wilson Simonal.


Ouça “Pretty World (Sá Marina):



No ano seguinte, SW visitou o Brasil pela primeira vez, para uma pequena apresentação. Na ocasião, o samba “Você Abusou”, da dupla Antônio Carlos & Jocafi, fazia um estrondoso sucesso que, posteriormente, atravessaria fronteiras — a música foi gravada até em francês (!).

Eventualmente, Stevie a incluí no roteiro de seus shows. Foi assim em 1995, quando trouxe a sua turnê Conversation Peace para o Free Jazz Festival. E voltou a acontecer agora, no Rock In Rio, como música incidental em “Garota de Ipanema”.






Em 1973, Wonder compôs uma canção inspirada no modo “cuca fresca” do povo brasileiro: a arrasadora “Don't Worry 'Bout a Thing”, lançada originalmente no (excelente) Innervisions.


Veja o vídeo de “Don't Worry 'Bout a Thing”, extraído do (estupendo) DVD Live At Last, de 2009:


Por fim, em seu mais recente álbum de estúdio, A Time To Love [2005], a influência brasileira se faz presente na swingada — e praticamente desconhecida — “Sweetest Somebody I Know”, cuja melodia, em alguns momentos, se assemelha a... “Samba de Uma Nota Só”, clássico de Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça.



Ouça “Sweetest Somebody I Know:

Jefferson Gonçalves: a harmônica com ‘sotaque’ brasileiro

CD
Encruzilhada (independente, com distribuição via Sony Music)
2011


Originalmente publicado em outubro de 2011 no TomNeto.com.


Músico leva a harmônica para além dos limites do blues

Com de 20 anos de carreira – tendo gravado com nomes como Belchior, Celso Blues Boy, Norton Buffalo, Peter Madcat & Eddie Clearwater, entre outros – o gaitista Jefferson Gonçalves chega ao seu quarto CD solo. 

Produzido pelo próprio Jefferson e gravado de forma independente – com distribuição via Sony Music –, Encruzilhada [no detalhe, a capa] apresenta em sua maioria, temas inéditos, compostos por Gonçalves e parceiros.  

Instrumento normalmente associado ao blues, a harmônica alça voos mais altos nas mãos de Jefferson. Há um “sotaque” brasileiro — ou, para ser mais exato, nordestino — ao longo do álbum. A faixa-título, que abre os trabalhos, é um insuspeitado... baião (!). O mesmo vale para “Tudo Azul”, do flautista Carlos Malta, além das autorais “Na Hora” e “Arrumando a Casa”.

Na seara de covers, JG vai de “Catfish Blues”, do mestre Muddy Waters, “Long Hard Blues”, parceria de Roy Rogers com o supracitado Norton Buffalo, e “Down In Mississipi”, da cantora gospel Mavis Stapples.

A harmônica de Stevie Wonder em canções de outros artistas


Originalmente publicado em setembro de 2011 no TomNeto.com.


Stevie Wonder, que se apresentará amanhã no Rock In Rio, é um artista cuja trajetória é absolutamente singular. 

Assinou seu primeiro contrato com uma gravadora, a Motown, aos 11 (!) anos de idade. Em sua discografia, encontram-se álbuns essenciais como Talking Book [1972], Innervisions [1973], Fulfillingness' First Finale [1974] e, em especial, Songs In The Key Of Life [1976]. Aos 61 anos, com mais de trinta hits no currículo, é o artista masculino que mais ganhou prêmios Grammy — 25 ao todo. Nada disso, entretanto, é novidade para ninguém.

O que talvez nem todos saibam é que, não bastasse o soberbo cantor e compositor que sempre foi, Stevie — a despeito da deficiência visual de nascença —, é um multi-instrumentista, gravando várias de suas faixas praticamente sozinho (!).

Contudo, apesar de dominar piano, baixo e até... bateria, Wonder é mais identificado pelo público por um instrumento em especial: a harmônica [no detalhe].

Além de estar presente em vários de seus clássicos como “Isn't She Lovely”, “Send One Your Love”, “From The Bottom Of My Heart” e “For Once In My Life”, a gaita de Stevie Wonder também aparece em sucessos de outros artistas.

Confiram alguns exemplos:


Gravado em Los Angeles, Luz, quinto álbum de Djavan, conta com a participação da inconfundível harmônica de Stevie Wonder em “Samurai”. Anos depois, em entrevista a Jô Soares, o cantor alagoano fez uma curiosa observação sobre seu convidado: “Ele tem uma bunda enorme”:



No ano seguinte, Wonder emprestou sua gaita à belíssima “I Guess That's Why They Call It The Blues”, lançada por Sir Elton John em seu álbum Too Low For Zero:




Em 1984, Stevie colaborou com Chaka Khan, em sua incendiária releitura de “I Feel For You”, uma das mais infalíveis faixas para pista já gravadas. A versão original, que o autor Prince, lançou em seu segundo disco, epônimo, de 1979, não chega nem perto...




Faixa do álbum Be Yourself Tonight [1985], do extinto duo Eurythmics, a bela melodia “There Must Be An Angel (Playing With My Heart)”, não poderia encontrar, além da voz cristalina de Annie Lennox, um adorno mais apropriado do que a harmônica de SW:




Stevie Wonder também participa da regravação da imortal “As Time Goes By”, que Carly Simon incluiu em seu Coming Around Again, de 1987:




Em Duets II, de 1996, derradeiro trabalho de Frank Sinatra, Stevie acompanhou o anfitrião e Gladys Knight em uma canção que fez muito sucesso em sua voz: “For Once In My Life:




Por considerá-la um tanto parecida com o antigo sucesso “I Was Made To Love Her”, Sting — fã confesso de Wonder — convidou-o para tocar gaita na esperançosa “Brand New Day”, faixa-título do álbum que o ex-Police editou em 1999. Em vídeo extraído do DVD Live At Universal Amphitheatre, daquele mesmo ano, a entrada-surpresa de SW causou enorme frisson na plateia. E vale a pena observar também a reação de Sting: terminada a canção, Stevie vai deixando o palco e o baixista observa, em silêncio, com as mãos juntas — como se estivesse rezando. Segundos depois, com a voz calma, diz, simplesmente: “Stevie Wonder”. Então, olha para o alto e completa a frase: “Um ser elevado”:




Stevie Wonder também participou — brilhantemente, diga-se de passagem — da dobradinha* “Berimbau/Consolação”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, gravada por Gracinha Leporace em Timeless, álbum lançado por seu marido, Sérgio Mendes, em 2006. Wonder e Mendes, aliás, são amigos de longa data:

* Dedico esta canção ao pequeno capoerista aqui de casa.

domingo, 9 de outubro de 2011

Chico Buarque: tal qual um bom livro


CD
Chico (Biscoito Fino)
2011


Originalmente publicado em agosto de 2011 no TomNeto.com.


A música do compositor carioca torna-se cada vez mais minuciosa. Talvez por influência de sua... literatura


Nos últimos anos, Chico Buarque tem alternado sua atuação entre a música e a literatura. Após um disco de inéditas, invariavelmente sai em turnê — que acaba gerando CD/DVD ao vivo —, e recolhe-se para escrever mais um romance — o mais recente foi (o ótimo) Leite Derramado [2009]. Portanto, mantendo a “tradição”, o artista volta à ribalta, cinco anos após o seu último álbum de estúdio, Carioca, com um novo trabalho, intitulado simplesmente... Chico

Amparado por uma inteligente estratégia de marketing, concentrada no site www.chicobastidores.com.br — que disponibilizava conteúdo exclusivo para aqueles que adquiriam a bolacha ainda em fase de pré-venda —, Chico chega às lojas com boa visibilidade, mesmo em tempos de downloads ilegais. Este é o terceiro título do artista pela gravadora Biscoito Fino.

Faixa que abre os trabalhos — e também a primeira música de trabalho —, a modinha “Querido Diário” chama a atenção pelo sabor algo... interiorano. Entretanto, ao mesmo tempo, remete o ouvinte à cordialidade típica do Rio antigo. A letra é clara: é como se alguém estivesse fazendo anotações do próprio cotidiano em um diário. Mas não deixa de causar certa estranheza com o verso “amar uma mulher sem orifício”, que faz uma crítica velada a uma certa... digamos, “irracionalidade” das religiões — que vem praticamente desde o início da história da Humanidade...

Rubato” — que significa, em italiano, “roubado” — é, na linguagem musical, o termo utilizado para designar a aceleração ou desaceleração do tempo de execução de uma peça. Ou seja, o intérprete “rouba” um pouco do tempo de algumas notas e o compensa em outras. É também o título da simpática (e espirituosa) marchinha composta em parceria com o baixista Jorge Hélder, cuja letra menciona três musas com nomes que rimam entre si: Aurora, Amora e Teodora. Entretanto, o título não é gratuito. Na letra, o compositor revela seu temor: “Venha, Aurora, ouvir agora / a nossa música / depressa, antes que um outro compositor me roube”. E, em contrapartida, assume: “Venha ouvir, sem mais demora / a nossa música / que estou roubando de outro compositor”. 

Moral da história: na arte, ninguém parte do zero.

Com um discreto acento blues, “Essa Pequena” fala claramente do relacionamento entre um homem maduro e uma mulher mais jovem: “Meu tempo é curto / o tempo dela sobra. (...) / Feito avarento, conto os meus minutos / cada segundo que se esvai”. Mas, no final, o eu-lírico se conforma: “Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas / o blues já valeu a pena”.


Parceria com João Bosco, ‘Sinhá’ é a letra mais instigante

Mesmo não sendo um baião legítimo, “Tipo um Baião” traz a influência do gênero no qual Luiz Gonzaga foi rei — por sinal, o Velho Lua é citado no final da canção. Como o título entrega, é... “tipo um baião”. Igualmente gracioso é o dueto de Chico com Thaís Gulin em “Se Eu Soubesse”, já gravada pela cantora curitibana, com a participação do autor, em Ôôôôôôôô, seu segundo álbum, lançado este ano. Já a (bela) “valsa russa” “Nina” ilustra o romance virtual de um brasileiro com uma moça... moscovita: “Nina anseia por me conhecer em breve / me levar para a noite de Moscou. / Sempre que esta valsa toca / fecho os olhos / bebo alguma vodca / e vou...”

Parceria com Ivan Lins — e já gravada por Diogo Nogueira —, “Sou Eu” ressente-se pela participação do veterano baterista Wilson das Neves, totalmente inexpressivo como intérprete. Melhor resultado é obtido em outro samba do álbum, “Barafunda”, cuja letra fala das difusas recordações do autor de “O que Será? (A Flor da Terra)” e cita Cartola, Garrincha, Zizinho, Pelé e... Mandela.

O provável ponto alto de Chico é a delicada “Sem Você nº 2”. Inspirada na pérola de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes — que, além do título, é citada na introdução —, possui versos... capciosos: “Sem você, o tempo é todo meu / posso até ver o futebol (...). / Sem você, é um silêncio tal / que ouço uma nuvem a vagar no céu / ou uma lágrima cair no chão. / Mas não tem nada, não”.

Contudo, a letra mais instigante do disco é justamente a da última faixa. Composta em parceria com João Bosco — e com a participação do próprio no violão e nos vocais —, “Sinhá” é samba de nítidos matizes africanos, que narra a estória do velho escravo que está sendo castigado, sob a acusação ter visto nua a “sinhá” que batiza a canção. “Por que talhar meu corpo? / Eu não olhei Sinhá. / Para que que vosmecê / meus olhos vai furar? / Eu choro em iorubá / mas oro por Jesus. / Para que que vassuncê / me tira a luz?”.

Em dez faixas que totalizam apenas 31 minutos de música, Chico, o disco, dá o seu “recado” de maneira concisa. Atualmente, a produção de Chico, o compositor, é desapegada dos “apelos” da música popular: refrões fáceis, etc. Ao contrário: é minuciosa, concentrada. Para ser apreciada sem pressa. Tal qual um bom livro — por influência, presume-se, de sua recente (e proveitosa) proximidade com a literatura. 

Chico está no mesmo nível de trabalhos anteriores do artista, como os (excelentes) Paratodos [1993] e As Cidades [1998]. E possui melhor aproveitamento do que o seu antecessor, o bom Carioca [2006]. Em suma: trata-se de um trabalho de Chico Buarque — com tudo o que isso significa. E não é à toa que ele é chamado de gênio.



Leia também:







Ouça “Querido Diário...




...e “Sem Você nº 2:

 

‘The Death Of You And Me’: a primeira inédita solo de Noel Gallagher



Originalmente publicado em julho de 2011 no TomNeto.com.


Cinco meses após o lançamento de Different Gear, Still Speeding, CD de estreia do Beady Eye, banda de Liam Gallagher, chegou a vez de Noel Gallagher [foto].

O irmão mais velho lançou ontem, 25, o primeiro clipe de sua carreira solo. A (ótima) “The Death Of You And Me” soa bem Oasis — o que é absolutamente natural, visto que, sendo o principal compositor, Noel era a “alma” da banda. E, a julgar por esta faixa, sua nova empreitada tem tudo para dar certo.

Em recente entrevista coletiva, o músico britânico assumiu que suas novas canções podem guardar alguma semelhança com o som do Oasis, sim. Mas frisou:

— Não tem nenhum solo de guitarra até a sexta música.

Com um clima western, o vídeo conta a estória de uma sonhadora garçonete de um restaurante de beira de estrada. O single, entretanto, sairá somente no dia 22 de agosto.

O primeiro álbum solo de inéditas, Noel Gallagher's High Flying Birds, está previsto para chegar às lojas em 17 de outubro, através de seu selo, Sour Mash Records. Após o lançamento da bolacha, Gallagher sairá em turnê. E prometeu tocar várias de seu antiga banda.

Detalhe: na mesma coletiva, Noel revelou que tem mais um disco pronto. Ainda sem título, o trabalho foi gravado em parceria com o grupo psicodélico Amorphous Androgynous. E será lançado no ano que vem.



Veja o vídeo de ‘The Death Of You And Me:



terça-feira, 16 de agosto de 2011

Super Heavy: a nova banda de Mick Jagger



Publicado originalmente em julho de 2011 no Tom Neto.com.


Por essa, ninguém esperava mesmo: o líder dos Rolling Stones, Mick Jagger, uniu-se à cantora Joss Stone, a Dave Stewart (ex-Eurythmics), a Damien “Jr. Gong” Marley — o caçula dos onze filhos do homem — e ao compositor e produtor indiano A.R. Rahman, para formar um supergrupo, batizado de... Super Heavy [foto].

Dos cinco integrantes, o menos conhecido é A.R. Rahman. Indiano, Rahman é autor de trilhas de cinema, entre elas a de Quem Quer Ser um Milionário?, com a qual foi agraciado com o Oscar, em 2008.

O álbum, cujo título ainda não foi revelado, promete ser um caleidoscópio de estilos e gêneros musicais dos mais diversos — embora nada “super pesado”, a despeito do nome do quinteto. E está previsto para ser lançado no dia 19 de setembro, via Universal Music. 

Para este projeto, os músicos gravaram nada menos do que 29 canções, das quais apenas dez estarão na seleção final. Jagger declarou que o trabalho começou despretensioso, com “idéias, riffs de guitarra e algumas letras”. 

O primeiro single, “Miracle Worker”, foi lançado — em formato digital — precisamente hoje. 



Veja o vídeo de “Miracle Worker”, onde Mick Jagger — usando um terno um tanto... er, excêntrico — esbanja vitalidade ao lado de seus novos companheiros

Morrissey: sem gravadora



Publicado originalmente em junho de 2011 no Tom Neto.com.


Em entrevista ao site Pitchfork, Morrissey [foto] expôs sem rodeios a sua situação: está com um disco de inéditas — o décimo de sua carreira solo — pronto, mas... encontra-se atualmente sem gravadora para editá-lo. E rejeita a ideia de lançá-lo de forma independente, como fez o Radiohead:

— Não tenho nenhuma necessidade de ser inovador neste sentido. Ainda estou preso ao sonho de um álbum que venda bem não por causa do marketing, mas porque as pessoas simplesmente gostam das músicas.

No dia 16 deste mês, apresentou, no programa de Janice Long, na BBC Radio 2, três faixas deste novo trabalho, ainda sem título: “People Are The Same Everywhere”, “The Kid's A Looker” e “Action Is My Middle Name”, que mantém o bom nível dos recentes trabalhos solos do ex-Smiths.

Sua antiga banda, aliás, é motivo de certa mágoa por parte do artista:

— A imprensa só se refere a mim como integrante do Smiths. E o fato de eu ter três álbuns solo que chegaram ao número um [nas paradas] — ou 25 anos de carreira solo — nunca é mencionado.

O último álbum de inéditas de Morrissey é o (bom) Years Of Refusal, de 2009.



Leia também:






Ouça “People Are The Same Everywhere...





...The Kid's A Looker...





...e “Action Is My Middle Name:

‘Major Minus’ e ‘Moving To Mars’: mais duas inéditas do Coldplay



Publicado originalmente em junho de 2011 no Tom Neto.com.


Após “Every Teardrop Is A Waterfall”, o Coldplay [foto] solta mais duas inéditas: “Major Minus” e — a melhor faixa da “nova safra” da banda inglesa — “Moving To Mars”.

As três integram o EP Every Teardrop Is A Waterfall, já disponível tanto para download pago quanto em formato físico. Contudo, não há nenhuma informação sobre a inclusão das mesmas no próximo CD do grupo, ainda sem título, tampouco sobre a data de lançamento da bolacha.



Ouça “Major Minus...




...e “Moving To Mars:

‘Every Teardrop Is a Waterfall’: o novo single do Coldplay


Publicado originalmente em junho de 2011 no Tom Neto.com.


Após vários teasers postados na sua página do Twitter, o Coldplay [foto] finalmente editou, no dia 03 de junho, o seu novo single. “Every Teardrop Is a Waterfall” [no detalhe, a capa], contudo, está disponível apenas para download digital.

A banda atribuiu o lançamento da canção aos “festivais de verão” dos quais participará este ano — e isso, obviamente, inclui o Rock In Rio, que será realizado em setembro. No entanto, não há nenhuma confirmação de que a faixa fará parte do sucessor de seu mais recente álbum de inéditas, Viva La Vida or Death And All His Friends (2008) — disparado, o melhor título da discografia do quarteto. 

As informações mais recentes davam conta de que o novo CD do grupo, ainda sem título, está sendo pilotado por Brian Eno e Marcos Dravs, a mesma dupla que produziu o supracitado Viva La Vida. E, segundo o vocalista Chris Martin, será “mais acústico” do que o trabalho anterior.

O esteta Brian Eno, ex-Roxy Music, produziu também seis álbuns do U2 — com destaque para os três que revolucionaram o som de Bono & cia.: The Unforgettable Fire (1984), The Joshua Tree (1987) e Acthung Baby (1991). Eno também é o criador das chamadas Estratégias Oblíquas, uma série de cartas publicadas em 1975, com o intuito de auxiliar a sair de “becos sem sáida”, bloqueios criativos, etc.

O próprio Coldplay confessou ter usado estas cartas durante as gravações de Viva la Vida.


***


Logo após “Every Teardrop Is a Waterfall” ter sido lançada, o Coldplay foi acusado de ter plagiado a melodia de “Ritmo de la Noche”, do grupo belga Mystic, de 1990.

A banda se defendeu afirmando que tem permissão para usar a melodia de “I Go to Rio”, de Adrienne Anderson e Peter Allen — e gravada por este, em 1976. E o porta-voz do quarteto lembra que, em seu site oficial, há a informação de que “‘Every Teardrop Is a Waterfall’ contém elementos de ‘I Go to Rio’”. 

E a supracitada “Ritmo de la Noche” foi inspirada justamente em... “I Go to Rio”.

Ironicamente, esta é a segunda vez que o Coldplay recebe esse tipo de acusação: a primeira foi quando o guitarrista Joe Satriani processou a banda por plágio da sua “If I Could Fly”, de 2004, justamente em... “Viva La Vida”, a canção. Entretanto, as partes chegaram a um acordo extrajudicial — que jamais foi divulgado — e a ação foi encerrada.




Leia também:






Veja o vídeo de “Every Teardrop Is a Waterfall:

 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

João Gilberto: 80 anos

                          
Publicado originalmente em junho de 2011 no TomNeto.com.


Antes de qualquer coisa, é necessário dizer que é motivo de alegria saber que uma das personagens centrais da nossa música, João Gilberto [no detalhe], continua entre nós. E precisamente hoje, 10 de junho de 2010, o “baiano bossa nova” completa 80 anos de idade.

Homem de temperamento recluso — considerado “excêntrico” por muitos — e perfeccionista ao extremo, João, com seu estilo inconfundível, “desconstruiu” e redefiniu os parâmetros da música brasileira. Nele, o que parece “simples” é pura complexidade. E o que alguns podem confundir com “economia” ou “limitação” é tão somente... sutileza. E precisão.

Embora sempre tenha sido um compositor bissexto, e tenha lançado poucos discos ao longo de sua carreira, o espectro de sua influência é enorme. Tornou suas canções como “Rosa Morena”, de Dorival Caymmi, além de clássicos como “Desafinado”, “Garota de Ipanema” e, claro, “Chega de Saudade”, todas de Antonio Carlos Jobim. 

E, entre seus companheiros de profissão, possui admiradores tão díspares quanto Roberto Carlos, Jorge Ben Jor e... Eric Clapton. 

Que João Gilberto ainda sopre muitas e muitas velinhas de aniversário. Provavelmente, ele saberia “desconstruir” até mesmo o tradicional “Parabéns para Você”...



Leia também:







Veja os vídeos de “Rosa Morena”...




...e três extraídos do excelente especial João & Antonio, gravado ao vivo no Theatro Municipal do Rio, em 1992 — um pecado este DVD jamais ter sido lançado: “Desafinado”...




...“Garota de Ipanema”...




...e “Chega de Saudade”:

Eric Clapton: ‘God’ virá ao Brasil


Publicado originalmente em maio de 2011, no TomNeto.com.


Confirmado: Eric Clapton [foto] virá ao Brasil este ano, mais precisamente em outubro. E se apresentará em três capitais: Porto Alegre, no dia 6; Rio de Janeiro, no dia 9; e São Paulo no dia 12.

Do alto de quase meio século de carreira, o maior guitarrista vivo do planeta — e, muito provavelmente, o segundo maior de todos os tempos, perdendo apenas para Jimi Hendrix — merece como poucos o epíteto de “lenda viva”. Nos anos 1960, aliás, jovens londrinos foram ainda mais longe, pichando os muros da cidade com a frase “Clapton Is God” (Clapton é Deus)[à direita].

Além de ter sido integrante dos John Mayall And The Bluesbreakers, dos Yardbirds, do Cream e do Blind Faith, EC construiu uma sólida trajetória solo, que não sucumbiu nem aos percalços pelos quais passou na década de 1970 — o vício em heroína e, posteriormente, o alcoolismo — e de 1990 — a morte do filho Conor, ao cair de um prédio em Manhattan.

E, não bastasse a destreza no instrumento, Clapton tornou-se, com o passar dos anos, um grande arranjador e intérprete, conseguindo emplacar sucessos — suas ou de outros autores — como “Wonderful Tonight”, “Cocaine”, a tristonha “Tears In Heaven” e “Change The World”, entre outros. 


Na bagagem, ‘Clapton’, o novo CD

Eric Clapton vem ao Brasil para divulgar o seu vigésimo trabalho, intitulado tão somente Clapton [à esquerda, a capa], lançado em outubro do ano passado. Nele, o músico incluiu apenas uma canção autoral — a irresistível “Run Back To Your Side”, que conta com a participação do jovem guitarrista americano Derek Trucks. 

Mas quem se importa? O artista escolheu a dedo covers da sua “praia” — o blues, claro — e de jazz. E brilha nas versões serenas de “Autumn Leaves” e “Rockin' Chair” — nas quais, aos 66 anos de idade, reflete sobre a passagem do tempo. 

Clapton também se permitiu soar leve e bem-humorado tanto no fox “My Very Good Friend The Milkman” quanto em “When Somebody Thinks You're Wonderful”, que fala da adulação aos artistas. Em ambos os momentos, chega a lembrar — pasmem — Sinatra (!).

Contudo, os destaques do álbum são: o clássico “How Deep Is The Ocean”, escrito por Irving Berlin em 1932 (!); e, em especial, a pungente balada “Diamonds Made From Rain”, que traz Sheryl Crow nos vocais — e que, em um mundo ideal, estaria em alta rotação nas FMs.

A julgar por Clapton, o CD, o Brasil verá — e, principalmente, ouvirá God ainda em alto nível. É só aguardar.



Ouça “Diamonds Made From Rain:


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