sábado, 6 de março de 2010

Sting: quando o inverno chegar...


CD
If On A Winter's Night... (Deutsche Grammophon / Universal Music)
2009


Resenha originalmente publicada no TOM NETO.COM.


Ex-Police mostra-se introspectivo em ‘If On A Winter's Night...’, seu novo CD solo


Após ter reativado, para surpresa geral, o The Police – naquela que foi a mais turnê lucrativa turnê mundial de 2007/2008 –, Sting ressurge, agora barbudo, e com um novo CD solo. E mantendo, coerentemente, o velho hábito de fazer exatamente aquilo que não se espera dele.

Em If On A Winter's Night..., o músico dedica-se inteiramente ao inverno – sua estação do ano predileta –, em um trabalho em que o formato pop rock simplesmente... inexiste. “O inverno, como temática, é rico em material e inspiração”, declarou recentemente.

O disco chega às prateleiras através do selo clássico Deutsche Grammophon – com edição nacional via Universal Music –, a exemplo de seu antecessor, Songs From The Labyrinth (2006), considerado o mais bem sucedido álbum de alaúde da história.

De modo introspectivo, o baixista mergulha na tradição britânica, em temas como “The Snow It Melts the Soonest” – balada de Newcastle, sua cidade natal, situada no norte da Inglaterra – e “Gabriel's Message”, que data do século XIV. Também há espaço para adaptações de peças clássicas, como “Der Leiermann”, do austríaco Franz Schubert, que tornou-se “The Hurdy-Gurdy Man”.

Apenas dois temas são verdadeiramente autorais: a boa “The Hounds of Winter”, originalmente gravada em Mercury Falling, de 1996, e “Lullaby For An Anxious Child”, lado B do single “You Still Touch Me”, do mesmo ano.

You Only Cross my Mind in the Winter”, apesar de letrada por Sting, é, na verdade, um tema do compositor alemão Johann Sebastian Bach. De modo inverso, o compositor de “Roxanne” musicou, em parceria com a harpista escocesa Mary Macmaster, “Christmas At Sea”, poema de Robert Louis Stevenson, autor de O Médico e o Monstro e A Ilha do Tesouro.

If On A Winter's Night... poderá agradar àqueles que aprenderam a apreciar o lado... hum, erudito do ex-Police. Entretanto, os que preferem o Sting pop de “If I Ever Lose My Faith In You” deverão manter distância desse CD – ainda que o mesmo “cresça” a cada audição. Com este álbum, o músico parece querer afirmar que, artisticamente, não se considera “refém” de nada: nem de seu antigo trio, nem de seus sucessos solo. E nem de qualquer coisa que “limite” a sua música.



P.S.: Vale lembrar que, apesar de ter se mantido na ativa durante todo esse tempo, Sting editou o seu último álbum de canções inéditas, Sacred Love, em 2003...

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