sábado, 28 de maio de 2011

Três décadas sem John Lennon

                         

Publicado originalmente em dezembro de 2011 no TomNeto.com.


Exatos 30 anos após o precoce desaparecimento de John Lennon [no detalhe], aos 40 anos de idade, todos os pormenores da vida do ex-Beatle já foram amplamente destrinchados. Sua infância sofrida. Seu temperamento difícil. Sua (nada discreta) relação com a esposa, Yoko Ono. Seu ativismo político. Seu brutal assassinato. E, principalmente, seu inestimável legado artístico. 

Sendo assim, só nos resta, mais uma vez... homenagear a sua memória.



Quem souber dizer a exata explicação,
me diz como pode acontecer?
Um simples canalha mata um rei...
Em menos de um segundo...”

(“Canção do Novo Mundo”, Beto Guedes e Ronaldo Bastos)



Nobody Told Me’, do álbum póstumo Milk and Honey, de 1984.


Instant Karma!’, seu terceiro single solo, editado em 1970. Foi composta e gravada no mesmo dia. E chegou às lojas apenas dez dias (!) depois...



Look at Me’, do primeiro álbum lançado por John após o fim dos Beatles, Plastic Ono Band, de 1970.



Jealous Guy’, de seu segundo álbum pós-Fab Four, Imagine, de 1971.



Oh My Love’, também de Imagine. Como podem perceber, a faixa tem a participação de George Harrison, na guitarra.

Lulu Santos: Acústico II – A Missão


CD/DVD

Lulu Acústico II (Universal Music)
2010


Publicado originalmente em dezembro de 2010 no TomNeto.com.


Cantor rebobina mais sucessos e ‘lados B’ em novo especial da MTV

Em 2000, Lulu Santos quebrou um paradigma com o seu Acústico MTV: eram tantos hits que, pela primeira vez na série, um artista mereceu – além do habitual DVD – um CD duplo com o registro de sua apresentação. E o compositor carioca permaneceu como o detentor solitário da façanha até 2002, quando Jorge Ben Jor recebeu a mesma deferência.

Passados exatos dez anos, Lulu volta à carga com Lulu Acústico MTV II, que chega às prateleiras em CD – desta vez, simples – e DVD, realizado de forma independente, com distribuição via Universal Music.

Impossível não ceder à tentação de relacionar o Acústico atual com o anterior – dadas as suas diferenças e semelhanças. Para começo de conversa, o cantor dispensou o tradicional “banquinho”, permanecendo de pé durante toda a apresentação. E, sem repetir uma música sequer do especial da década passada, desfiou sucessos como “Um Pro Outro”, “Minha Vida” e a bela “Papo Cabeça”, e bons “lados B” como “Pra Você Parar”, “Brumário”, “Dinossauros do Rock” e a sentida “Auto Estima”, que fecha os trabalhos.

Além do talento como hitmaker, Lulu Santos, em comparação aos seus congêneres/contemporâneos, tem um trunfo: a enorme facilidade em reinventar a si próprio e ao seu cancioneiro, a todo momento. Isso fica claro em “Tudo Azul”, faixa-título de seu bem-sucedido álbum de 1984, que ressurge mais brasileira do que nunca. O mesmo vale para “Vale de Lágrimas”, de 2005 – uma de suas melhores canções recentes – cujo novo arranjo, com ares de... tango (!), realçou a dramaticidade da letra.

A outrora dançante “Baby de Babylon” lançada no ano passado, recebeu um roupagem bossa nova, com eventuais compassos de... reggae (!). Ficou interessante. Já a ótima “Já É!”, de 2003, mesmo desplugada, não perdeu o seu pulso disco.


No DVD, Lulu homenageia os seus três ‘santos’

A cantora Marina De La Riva – descrita pelo cantor como “indescritível” – é convidada especial da (excelente) versão hispânica de “Adivinha o Quê?” e, apesar da voz pequena, empresta puro charme à gravação. Simplesmente hilário o momento em que ela se dirige a Lulu, no idioma de Cervantes, dizendo “tremendo vacilón”. Detalhe: a flauta supriu perfeitamente a ausência do solo de guitarra.

O baixista Jorge Aílton, autor de “Atropelada” – gravada pelo anfitrião em Singular, o antecessor de Lulu Acústico MTV II – faz o vocal principal da sua “O Óbvio”. Com seu jeitão de hino, a mediana “E Tudo Mais”, que abre o espetáculo, é a única inédita.

Disponíveis apenas no DVD, as três faixas bônus são, na definição do próprio Lulu, “velas” acesas para os seus “santos”: Gilberto Gil, homenageado com “Ele Falava Nisso Todo Dia”; o já mencionado Jorge Ben Jor, com “Tuareg”; e Caetano Veloso, com “Odara”, que contou novamente com a participação de Marina De La Riva e também de Andrea Negreiros, vocalista da banda de Lulu. As duas primeiras já haviam sido gravadas pelo autor de “Certas Coisas” – em Letra & Música, de 2005, e Assim Caminha a Humanidade, de 1994, respectivamente. Apenas “Odara” é inédita na voz do cantor carioca.

Mesmo sem superar o primeiro Acústico – que trazia o supra-sumo de sua obra –, Lulu Acústico MTV II é um bom registro daquele que é um dos principais nomes da música brasileira. Considerando o autor que sempre foi, Lulu Santos, se tivesse nascido no Reino Unido, certamente estaria à altura de um Elton John...



Confira os vídeos de ‘Adivinha o Quê?’...



...de ‘Baby de Babylon’...



...e de ‘Já É!’:

Sting: agora, crooner de orquestra


CD

Symphonicities (Deutsche Grammophon, edição nacional via Universal Music)
2010


Publicada originalmente em setembro de 2010 no TomNeto.com.


Contrariando quaisquer previsões, ex-Police relê suas canções dentro do universo sinfônico


Menos de ano após o seu mais recente trabalho, o invernal If On A Winter's Night..., Sting, mais uma vez, tomou uma decisão artística que certamente o seu público não imaginava. Na companhia da Royal Philharmonic Concert Orquestra, sob regência de Rob Mathes, iniciou – a princípio pelo Velho Continente – uma turnê na qual vertia suas canções para o formato sinfônico, intitulada Symphonicity.

No decorrer da excursão, convidou mais duas orquestras – The London Players e The New York Chamber Consort – e entrou em estúdio para registrar doze faixas, como uma espécie de “polaroide” do espetáculo. Assim surgiu o CD Symphonicities, que chega ao mercado pela gravadora alemã Deutsche Grammophon, com edição nacional via Universal Music. O título do álbum faz alusão a Synchronicity, de 1983, quinto e último trabalho de estúdio do Police.


Verdade seja dita: a maioria das canções de Sting – especialmente em sua carreira solo – parece ter sido feita sob medida para o acompanhamento de uma orquestra. Exemplos: a belíssima “When We Dance” (1984); “The End Of Game” (1999), cuja letra lembra um conto épico; a delicada “The Pirate's Bride” (1996); e “I Burn For You” (1982, gravada ainda no período em que o artista liderava sua antiga banda), todas presentes no álbum. Os arranjos, aliás – embora caprichados –, guardam alguma semelhança em relação aos originais.

Nesse sentido, são apenas quatro as faixas que verdadeiramente surpreendem: “Every Little Thing She Does Is Magic”, a primeira faixa de trabalho, que tornou-se um tema, digamos... primaveril; “She's Too Good To Me”, de seu terceiro álbum solo de estúdio, Ten Summoner's Tales (1993); a punk “Next To You”, do primeiro álbum do Police, com violoncelos from hell que lembram... Bach (!); e a manjada “Roxanne”, que adquiriu um clima um tanto... melancólico.

A ausência de impacto, entretanto, não compromete a qualidade de Symphonicities, que está repleto de bons momentos.

I Hung My Head”, originalmente lançada em Mercury Falling, de 1996, conta a estória – ambientada em tempos antigos e cheia de imagens surreais – de um homem que, atirando a esmo em direção a uma colina, fere de morte um cavaleiro. E acaba condenado à guilhotina. Também foi gravada pelo lendário Johnny Cash em seu último trabalho, American IV: The Man Comes Around, de 2002.

Já a delicada “You Will Be My Ain True Love” é a única faixa que não aparece em nenhum outro álbum de Sting. Foi gravada originalmente em 2003, em um dueto com a cantora de bluegrass Alison Krauss, para a trilha do filme Cold Mountain. Completam o repertório a indignada “We Work The Black Seam” e a sempre eficiente “Englishman In New York”.

Symphonicities é o retrato de um artista orgulhoso de sua obra. E com toda a razão: não resta dúvida de Sting é um dos melhores autores pop ever. E tem lastro suficiente para lançar vários volumes de discos sinfônicos com suas músicas.

Contudo, não seria má ideia se o ex-Police editasse um novo álbum de inéditas – o último foi o bom Sacred Love, de 2003 (!).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

20 anos sem Cazuza


Publicada originalmente em julho de 2010 no TomNeto.com.


Duas décadas após o seu desaparecimento, o poeta continua vivo

Hoje, 07 de julho de 2010, completam exatos 20 anos da morte de Cazuza [foto]. Ainda lembro, como se fosse ontem, do dia de seu falecimento. Inclusive, ainda adolescente, compareci ao sepultamento – e acabei aparecendo, de perfil, em uma foto publicada na revista Contigo!.


A essa altura, tudo já foi dito sobre o poeta e sua obra. Por sinal, em maio de 2008, quando ele completaria 50 anos de idade, escrevi uma matéria sobre a efeméride para o jornal International Magazine. A mesma também pode ser lida no portal Let's Rock.

Em referência à data, deixo aqui uma canção pouco conhecida, parceria dele com Gilberto Gil. Composta em 1987, “Um Trem para as Estrelas” foi registrada inicialmente para a trilha do filme homônimo, de Cacá Diegues, em um dueto do ex-vocalista do Barão Vermelho com o autor de “Refazenda”. No ano seguinte, contudo, Cazuza a regravou, solitariamente, em seu terceiro – e melhor – álbum solo, Ideologia.

A letra traz uma crítica social dura:

São sete horas da manhã
Vejo o Cristo da janela.
O sol já apagou sua luz
E o povo, lá embaixo, espera.
Nas filas dos pontos de ônibus,
Procurando aonde ir.
São todos seus cicerones –
Correm para não desistir
Dos seus salários de fome
E a esperança que eles têm...


E demonstra uma certa... er, descrença. Como se toda a beleza da paisagem da cidade fosse, de fato – como diz a obra-prima de Antônio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira –, “inútil”:

Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem proteger ninguém.


Após duas décadas de ausência, o poeta, decididamente, ainda está vivo.



Veja o vídeo de “Um Trem para as Estrelas”, com Cazuza e Gilberto Gil...




...também a versão que o ex-Barão Vermelho gravou sozinho, no álbum Ideologia:

Inaugurando a série ‘Crônicas’: A ‘utilidade pública’ da novela

Publicado originalmente em maio de 2010 no TomNeto.com.


Apesar de não assistir novelas, tenho enorme respeito pelos profissionais responsáveis pela realização das mesmas: autores, atores, diretores, etc. Não há como negar que trata-se de um produto muito bem acabado – não por acaso, são “exportadas” para vários países.

E é ainda mais louvável quando a novela extrapola a mera função de entreter e começa a exercer também uma espécie de “papel social”.

Explico: no momento em que Luciana, personagem de Alinne Moraes em Viver a Vida, tentava retomar a vida após o acidente que a deixou tetraplégica, observei, gratificado, que havia, nas ruas – e mais especificamente nos shopping centers – um número muito superior de cadeirantes do que costumava ver até então.

Mera coincidência? Não creio.

Ouso dizer que a trama de Manoel Carlos [foto] “encorajou” portadores de necessidades especiais a superaram as suas limitações e – perdoem o clichê – “viverem a vida”. Sobretudo porque é perceptível que existe, atualmente, uma preocupação maior, até mesmo nos transportes públicos, com a questão da acessibilidade.

Embora ainda esteja muito longe do ideal...

A arte, enquanto entretenimento, não tem obrigação de ser “panfletária”, “engajada”. Contudo, quando passa também a prestar “utilidade pública”, ela se enobrece. E torna-se muito mais do que apenas “circo”.

Outside Groove Cats: cardápio variado

CD-demo
Outside Groove Cats (independente)
2010


Publicado originalmente em maio de 2010 no TomNeto.com.



Em seu primeiro CD-demo, quarteto carioca incorpora muitas influências, mas sem se perder



O Outside Groove Cats surgiu, a princípio, como um duo, formado pela vocalista Mia Baxtet e pelo guitarrista Alex C. Durante algum tempo, a dupla atuou como um projeto de estúdio, tendo o auxílio dos produtores André Bassman e Greg Gonzales. Entre as influências, o tecnopop da década de 1980 e 1990, de grupos como Depeche Mode, Duran Duran, Portishead e outros.

Pouco a pouco, o trabalho foi evoluindo, o que fez com que outras informações fossem incorporadas à “receita” dos músicos: Talking Head, Fletwood Mac e Blondie, além de ritmos brasileiros. Nesse intervalo, André passou a integrar a banda, como baixista. E, posteriormente, o experiente baterista Hugo Freitas juntou-se a eles – sendo esta a formação definitiva.

E eis que o OGT acaba de dar mais um importante passo em sua trajetória: o seu primeiro CD-demo – com um belo projeto gráfico –, trazendo quatro faixas (muito) bem produzidas, todas com letras em inglês: “Good Cat Gonna Bad”, “Ocean”, “Too Late” e “Leave Me In Peace”.

Alternando momentos dançantes e introspectivos, o quarteto carioca mostra personalidade. Na sensual “Gonna Cat Gonna Bad”, em meio a um baixo bem marcado e uma guitarra wah-wah, ouve-se um instigante... tamborim (!). Já “Ocean” é melodiosa, um tanto melancólica.

Em “Too Late”, entre sequenciadores, a calmaria permanece – reparem um certo clima... étnico no arranjo. A pop “Leave Me In Peace” fecha a bolacha com um astral totalmente oitentista.

Apesar do “caldeirão” de influências, o Outside Groove Cats consegue manter a unidade, sem se perder. Que o primeiro CD “de verdade” não tarde a chegar.

Inaugurando a série ‘Contos’: ‘Tudo posso. Tudo mesmo’


Publicado originalmente em maio de 2010 no TomNeto.com.


Domingo de sol. Por volta das 16h. Depois de quilômetros de trânsito fluido na Via Dutra – apesar do tráfego intenso –, chego em um ponto de retenção. Acidente ou obra na pista – ainda não é possível saber.

Minutos passam e os carros permanecem praticamente parados. Até onde consigo enxergar, trata-se de um engarrafamento de... quilômetros.

Nisso, alguns motoristas menos pacientes começam a trafegar pelo acostamento. Entre eles, uma pick-up preta, que passa por mim em uma velocidade considerável. Mesmo assim, consigo ver as letras brancas, garrafais, impressas no vidro traseiro do veículo: “Tudo posso em Jesus”.

Silenciosamente, concluí:

— É, “tudo pode” mesmo. Até trafegar pelo acostamento...

Jobim, por eles e elas

CDs
Aqui Tem Tom - Volumes 1 e 2 (Som Livre)
2010


Publicado originalmente em abril de 2010 no TomNeto.com.


Os dois volumes da compilação ‘Aqui Tem Tom’ alternam, como de praxe, bons e maus momentos

Passados quinze anos de seu desaparecimento, ocorrido no dia 08 de dezembro de 1994, a atemporal obra de Antônio Carlos Jobim – mesmo sem ter a sua grandiosidade plenamente reconhecida – continua sendo revista e cultuada. Prova disso é a compilação Aqui Tem Tom, disponível em dois volumes – vendidos separadamente –, que chega às prateleiras via som Livre.

Muitas vezes, all star tributes são verdadeiros balaios de gato. Contudo, ao lado de deslizes típicos de projetos desta natureza, Aqui Tem Tom apresenta bons momentos.


Acompanhada por Hélio Delmiro, Calcanhotto brilha

O volume 1, inteiramente dedicado a intérpretes femininas, consegue, no frigir dos ovos, um bom aproveitamento. Tem Maria Bethania, à vontade, em “Anos Dourados”. Tem Nana Caymmi, transformando “Insensatez” em uma canção sua. Tem Joyce, perfeita, em “Discussão”. E tem Elis Regina, introspectiva, em “Sabiá”.

Mas, por outro lado, tem Gal Costa – embora afinadíssima como sempre – errando a letra de “Se Todos Fossem Iguais a Você” (em vez de “a sua vida / é uma linda de amor”, a baiana cantou “vai, sua vida / é uma linda de amor”). Tem Isabella Taviani lutando contra a própria grandiloquência – e eventualmente perdendo – em “Caminhos Cruzados”. E Beth Carvalho concedendo ao clássico “Chega de Saudade” um inadequado acento sambão joia.

Tais deslizes, entretanto, não chegam a comprometer o trabalho, que também traz Fernanda Takai, Roberta Sá e Paula Toller, corretas em “Estrada do Sol”, “Brigas Nunca Mais” e “Por Causa de Você”, respectivamente.

O grande destaque, porém, é Adriana Calcanhotto, acompanhada pelo violonista Hélio Delmiro, na bela versão de “O Amor em Paz”, gravada para o CD 3 do Songbook Vinícius de Moraes, idealizado pelo falecido produtor Almir Chediak.


Ouça “O Amor em Paz”, com Adriana Calcanhotto...


...e “Sabiá”, com Elis Regina:



Djavan e a versão definitiva de ‘Correnteza’

Já o volume 2, que conta apenas com vozes masculinas, tem como trunfos, por exemplo, a versão delicada de Caetano Veloso para “Eu Sei que Vou te Amar” – que cita “Dindi” e “De Você, Eu Gosto” – e o saudoso Tim Maia, na companhia dos d'Os Cariocas, em uma boa versão de “Ela É Carioca”. Mas, de um modo geral, fica inegavelmente aquém de seu correlato.

Lenine, por exemplo, nada acrescentou à obra-prima “Wave” – será que o temperamental João Gilberto não autorizou que a sua versão fosse incluída neste projeto? Igualmente inexpressiva – ainda que esforçada – é a releitura de “Waters of March”, versão anglófona de “Águas de Março”, cometida por Art Garfunkel, metade do extinto duo com Paul Simon.

Sem contar a insuportável versão de Sergio Mendes e will.i.am para o ótimo tema “Surfboard”.

Mas nem tudo está perdido: há também Djavan, na versão definitiva de “Correnteza”. Há o swing de Wilson Simonal em “Só Tinha de Ser com Você” – que, contudo, não supera a (insuperável) gravação de Elis Regina, do álbum Elis & Tom (1974). Há Ed Motta, acompanhado ao piano por Daniel Jobim, saindo-se muito bem na intrincada melodia de “Por Toda a Minha Vida (Exaltação ao Amor)”.

Há também Chico Buarque, convincente no ancestral registro de “Retrato em Branco e Preto (Zíngaro)” – cuja letra, por sinal, foi escrita pelo próprio Chico. E, como curiosidade, há um mergulho nas raízes gaúchas, na pouco conhecida “Rodrigo, Meu Capitão”, parceria de Jobim com Ronaldo Bastos, originalmente lançada na trilha sonora de O Tempo e o Vento, na voz de Zé Renato.


Ouça “Eu Sei que Vou te Amar”, com Caetano Veloso...



...e “Por Toda a Minha Vida (Exaltação ao Amor)”, com Ed Motta:



Ideal para neófitos

Os dois volumes de Aqui Tem Tom oferecem, portanto, um pequeno aperitivo do vasto cancioneiro do autor de “Garota de Ipanema” – curiosamente, a canção está ausente de ambos os CDs. Sendo assim, acabam sendo uma boa pedida para os neófitos.

Contudo, para quem quer realmente se aprofundar nos originais do Maestro Soberano, ficam algumas dicas: os ótimos Elis & Tom (1974) e Terra Brasilis (1980), o derradeiro Antônio Brasileiro (1994), a compilação – editada para o mercado americano – Finest Hour (2000), além do excelente Inédito, gravado ao vivo no estúdio em 1987.