quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Meio século de Cazuza


Artigo publicado originalmente no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 142 (maio de 2008)


Como estaria o poeta aos 50 anos de idade? E como está atualmente o seu catálogo?
Se não tivesse partido tão precocemente aos 32, Cazuza teria completado 50 anos no último dia 04 de abril. E, considerando a inquietação de Agenor de Miranda Araújo Neto, é impossível estar diante dessa efeméride sem se perguntar: do ponto de vista artístico, como estaria o Exagerado hoje em dia?

Será que, a exemplo de Raul Seixas, ele teria mantido o seu laço com o rock'n'roll? Teria Cazuza aprofundado o seu envolvimento com a MPB - explicitado em “Um Trem Para as Estrelas” (parceria com Gilberto Gil), “Codinome Beija-flor” e a bossa “Faz Parte do Meu Show”? Ou flertaria com a eletrônica que esteve em voga na década de 1990 através de grupos tão diferentes entre si como Prodigy e Portishead?

Lamentavelmente, jamais saberemos.

Quase dezoito anos após o seu desaparecimento, praticamente tudo já foi dito sobre Cazuza: sua brilhante passagem pelo Barão Vermelho; sua obra, gravada pela fina flor da música brasileira - de Caetano Veloso a Rita Lee, passando por Ney Matogrosso, Gal Costa e Maria Bethania, entre muitos outros. E, obviamente a sua luta pública contra o HIV.

O que nem é sempre é comentado é o catálogo do poeta.


Não existe um DVD do cantor

Os discos de Cazuza que foram editados pela Som Livre - os quatro álbuns gravados como vocalista do Barão e o seu primeiro trabalho solo, Cazuza, de 1985 - permanecem em catálogo e são relativamente fáceis de se encontrar. O mesmo vale para os títulos da Universal, antiga Polygram - que vão do segundo LP solo, o bom Só se For A Dois, até o póstumo, Por Aí -, disponíveis em edições até bem decentes. O que realmente impressiona é constatar que, com exceção do registro do show do Rock In Rio I do Barão Vermelho, não há um DVD sequer do artista.

Não, você não leu errado: por mais incrível que possa parecer, não existe um DVD solo de Cazuza (!).

Há, contudo, rumores de que essa lacuna será preenchida ainda em 2008, com o lançamento de DVD contendo um especial exibido pela Rede Globo em 1989 - provavelmente Uma Prova de Amor, gravado durante a temporada de Ideologia, sua derradeira (e definitiva) turnê. O audiovisual traria nos extras uma aparição do artista em um outro programa da emissora, de 1985.

Bem, torçamos para que esse prognóstico se concretize. Afinal, a obra de Cazuza merece respeito.

(Continua, entretanto, sem previsão de lançamento o show realizado em 1987 no Teatro Ipanema, Rio de Janeiro, em que Cazuza promovia o seu segundo álbum solo, o já mencionado Só se For A Dois. Exibida pela extinta Rede Manchete, a apresentação, por ironia, circula livremente pela Internet.)

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