sábado, 13 de abril de 2013

‘Celebration Day’: a ‘enciclopédia do rock’ do Led Zeppelin



DVD/CD/Blu-Ray
Celebration Day (Warner)
2012


Originalmente publicada no TomNeto.com em dezembro de 2012.



No dia 10 de dezembro de 2007, os três sobreviventes do Led Zeppelin — Jimmy Page, Robert Plant e John Paul Jones — reuniram-se para uma única apresentação, em memória do turco Ahmet Ertegun, fundador e presidente da Atlantic Records, na qual o quarteto gravou seus primeiros álbuns. E somente agora, cinco anos depois (!), o concerto realizado na arena O2, em Londres, diante de 18 mil sortudos — que esgotaram os ingressos em questão de horas — é lançado em CD, DVD e Blu-Ray, com o título de Celebration Day.

Nos primeiros momentos do audiovisual, que foi exibido recentemente nas salas de cinema, alguns detalhes saltam aos olhos e ouvidos. Jimmy Page, ao invés das madeixas negras de outrora, ostenta cabelos que mais se assemelham a flocos de algodão. John Paul Jones, hoje um senhor de idade, abandonou a longa cabeleira e usa atualmente um penteado “comportado”. Já Robert Plant, embora tenha aderido ao cavanhaque, conserva os cachos dourados e o carisma que ajudaram a torná-lo famoso. Sua voz, entretanto — embora dê conta do recado —, já não possui o viço e o alcance dos áureos tempos. E, nas baquetas, no lugar do finado John “Bonzo” Bonham, estava o seu filho, Jason. 

Esses pormenores, no entanto, são irrelevantes. Nos acordes iniciais da bombástica “Good Times, Bad Times”, que abre o espetáculo, não resta a menor dúvida: é o Led Zeppelin, monstruoso — na melhor acepção da palavra — que está ali, em carne e osso, com a técnica instrumental de sempre. Apenas os quatro no palco. 

E é mais do que o suficiente.



Em 2007, Page lamentou que a banda não tenha entrado em turnê

Em duas horas — até o grand finale, com Rock And Roll, o grupo faz um resumo de sua (brilhante) obra, sem poupar cavalos-de-batalha como “Whole Lotta Love” e “Black Dog”, entre outros. E não deixa pedra sobre pedra. “Stairway To Heaven”, obviamente, não ficou de fora — por sinal, no seu (inacreditável) solo de guitarra, Page periga fazer com que muito marmanjo vá às lágrimas.

Além dos clássicos, destaque para a sequência de blues, na qual a banda enfileirou “In My Time Of Dying”, “Trampled Under Foot”, “Nobody s Fault But Mine”, “No Quarter”, “Since I ve Been Loving You” e “Dazed And Confused”, em execuções simplesmente demolidoras. 

Vale destacar também a performance de Jason Bonham — que, decididamente, não ocupou o posto de seu pai apenas por uma questão de DNA. O cidadão, de fato, toca muito — no final de “Kashmir”, por exemplo, ele rouba a cena. E, ao longo da apresentação, recebeu o afeto dos três veteranos, que voltavam-se para ele a todo momento. 

Diferentemente da reunião do Police, em 2007, na qual Sting, Andy Summers e Stewart Copeland não conseguiam disfarçar no palco a falta de intimidade entre eles — provavelmente por resquícios dos conflitos do passado —, os integrantes do Led Zeppelin interagiram o tempo todo, sorrindo em vários momentos. Pareciam estar ali por puro prazer, orgulhosos daquele momento. E de sua trajetória como um todo.

Em entrevista recente, Jimmy Page revelou o seu desapontamento pelo fato de a banda não ter entrado em turnê após o concerto de 2007. É realmente de se lamentar. Entretanto, apesar de meia década de atraso, Celebration Day lega para a eternidade um registro essencial não apenas da história do Led Zeppelin, mas do próprio rock'n'roll. Aliás, para quem desconhece o gênero e tem curiosidade em descobrir, trata-se de uma verdadeira enciclopédia.

Resumindo: compre ontem. E assista de joelhos.




Veja o vídeo de “Black Dog...





...e de “Kashmir”, na qual o baterista Jason Bonham simplesmente “quebra tudo”:


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