Resenha publicada originalmente no TOM NETO.COM.
No terceiro álbum do projeto The Fireman, ex-Beatle surpreende pela ousadia e inspiração
Prestes a completar 67 anos de idade, Sir Paul McCartney, autor de algumas das mais belas canções do mundo, poderia muito bem se acomodar como um magnata do pop. Mas não. Inquieto, o ex-Beatle ainda se dá ao luxo de editar (ótimos) CDs com material inédito – como os recentes Chaos And Creation In The Backyard, de 2005, e Memory Almost Full, de 2007 –, e se aventurar em turnês mundiais.
Além disso, Macca mantém um projeto paralelo de ambient music com o produtor Youth – ex-membro do Killing Joke e eventual colaborador do The Orb –, chamado The Fireman. A parceria já rendeu dois álbuns: Strawberries Oceans Ships Forest (1993) e Rushes (1998). No finalzinho de 2008, chegou às prateleiras o terceiro trabalho da dupla: Electric Arguments.
A diferença deste para os anteriores é clara: enquanto seus antecessores apostavam em uma estética absolutamente experimental, Electric Arguments – mesmo tendo seus momentos experimentais, é bom frisar –, é o que mais se aproxima do que poderíamos definir como “um disco de Paul McCartney”. Ainda que bem modernoso...
A faixa de abertura, o blues lisérgico “Nothing Too Much Just Out Of Sight”, primeiro single de trabalho, pode (e vai) assustar os fãs mais conservadores, com seus vocais ensandecidos que parecem ter sido gravados em um manicômio. Mas, daí por diante, o repertório traz, na acepção da palavra, canções com o padrão McCartney de qualidade.
“Two Magpies”, delicioso jazz tipo fim-de-noite, lembra “Baby's Request” (de Back To The Egg, dos Wings) e “Honey Pie” (do chamado Álbum Branco, dos Beatles). Já a etérea “Traveling Light”, com seu clima floydiano, possui o registro vocal mais grave e sombrio que Macca já gravou em toda a sua extensa carreira.
A bem da verdade, a faceta The Fireman só aparece com mais nitidez nas últimas três faixas do álbum, “Lovers In A Dream”, “Universal Here, Everlasting Now” e a ótima “Don't Stop Running” (simplesmente de cair o queixo).
Contudo, o melhor momento do álbum, decididamente, é “Sing The Changes”, pop grandiloquente e emocionante que funcionaria às mil maravilhas ao vivo. Tanto que já ganhou até videoclip.
Em linhas gerais, se Electric Arguments não fosse, por si só, um disco muito bom, já valeria pela ousadia. Curioso é constatar que, até os dias de hoje, ainda há quem pense que foi John Lennon, e não Paul McCartney – para quem não sabe, o criador do conceito de Sgt. Peppers', por exemplo -, o grande revolucionário dos Beatles...
No terceiro álbum do projeto The Fireman, ex-Beatle surpreende pela ousadia e inspiração
Prestes a completar 67 anos de idade, Sir Paul McCartney, autor de algumas das mais belas canções do mundo, poderia muito bem se acomodar como um magnata do pop. Mas não. Inquieto, o ex-Beatle ainda se dá ao luxo de editar (ótimos) CDs com material inédito – como os recentes Chaos And Creation In The Backyard, de 2005, e Memory Almost Full, de 2007 –, e se aventurar em turnês mundiais.
Além disso, Macca mantém um projeto paralelo de ambient music com o produtor Youth – ex-membro do Killing Joke e eventual colaborador do The Orb –, chamado The Fireman. A parceria já rendeu dois álbuns: Strawberries Oceans Ships Forest (1993) e Rushes (1998). No finalzinho de 2008, chegou às prateleiras o terceiro trabalho da dupla: Electric Arguments.
A diferença deste para os anteriores é clara: enquanto seus antecessores apostavam em uma estética absolutamente experimental, Electric Arguments – mesmo tendo seus momentos experimentais, é bom frisar –, é o que mais se aproxima do que poderíamos definir como “um disco de Paul McCartney”. Ainda que bem modernoso...
A faixa de abertura, o blues lisérgico “Nothing Too Much Just Out Of Sight”, primeiro single de trabalho, pode (e vai) assustar os fãs mais conservadores, com seus vocais ensandecidos que parecem ter sido gravados em um manicômio. Mas, daí por diante, o repertório traz, na acepção da palavra, canções com o padrão McCartney de qualidade.
“Two Magpies”, delicioso jazz tipo fim-de-noite, lembra “Baby's Request” (de Back To The Egg, dos Wings) e “Honey Pie” (do chamado Álbum Branco, dos Beatles). Já a etérea “Traveling Light”, com seu clima floydiano, possui o registro vocal mais grave e sombrio que Macca já gravou em toda a sua extensa carreira.
A bem da verdade, a faceta The Fireman só aparece com mais nitidez nas últimas três faixas do álbum, “Lovers In A Dream”, “Universal Here, Everlasting Now” e a ótima “Don't Stop Running” (simplesmente de cair o queixo).
Contudo, o melhor momento do álbum, decididamente, é “Sing The Changes”, pop grandiloquente e emocionante que funcionaria às mil maravilhas ao vivo. Tanto que já ganhou até videoclip.
Em linhas gerais, se Electric Arguments não fosse, por si só, um disco muito bom, já valeria pela ousadia. Curioso é constatar que, até os dias de hoje, ainda há quem pense que foi John Lennon, e não Paul McCartney – para quem não sabe, o criador do conceito de Sgt. Peppers', por exemplo -, o grande revolucionário dos Beatles...
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Veja o vídeo de “Sing The Changes”: