Resenha publicada originalmente no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 149 (maio de 2009).
‘Years of Refusal’, novo álbum de Morrissey, não economiza nas guitarras
Não é o caso de citar nomes. Mas é verdadeiramente patético ver artistas outrora relevantes e influentes se transformando, ao longo da carreira, em caricaturas de si próprios. Contudo, esse não é o caso de Morrissey, que está lançando o seu nono álbum solo de estúdio, Years of Refusal.
Desde a sua “ressurreição” artística – com o ótimo You Are the Quarry, de 2004 –, o ex-Smith só tem acertado. O anterior, Ringleader of the Tormentors (2006), aliás, não deixava a bola cair.
O atual, no entanto, é ainda melhor.
A despeito da passagem dos anos, a voz de Morrissey permanece inalterada. As letras do bardo de Manchester também continuam melancólicas e ácidas como sempre. Dessa vez, no entanto, as canções são emolduradas por guitarras ásperas, o que faz com que o artista soe “rejuvenescido”.
E o que é mais interessante: sem qualquer indício de “síndrome de Peter Pan”.
A virulência começa já na faixa inicial, “Something Is Squeezing My Skull” – que pode aplicar um baita susto nos seus fãs mais fenfíveis. E reaparece em vários momentos do disco, como “Mama Lay Softly On The Riverbed”, “Black Cloud” e “I'm OK By Myself”, que encerra o álbum.
Fato: Morrissey nunca gravou um trabalho tão pesado em toda a sua discografia. Nem mesmo nos Smiths.
Mas o cantor não perdeu a “ternura”. Prova disso são as suaves “You Were Good In Your Time” e “I'm Thowing My Arms Around Paris”, que não soaria deslocada em um disco de sua antiga banda. Outro bom momento é a longa e climática “It's Not Your Birthday Anymore”.
O projeto gráfico é um capítulo à parte. Morrissey, com pinta de mecânico, aparece na capa com o menino Sebastien Pesel-Browne – filho de Charlie Browne, um de seus assistentes – no colo.
Years of Refusal é o primeiro CD de inéditas do inglês editado pela Decca, representada no Brasil pela Universal Music. No ano passado, a gravadora havia lançado a compilação Greatest Hits [leia a resenha aqui], que adiantou duas faixas desse álbum: “All You Need Is Me” e “That's How People Grow Up”.
É um alento constatar que um dos maiores ídolos da década de 1980 não sucumbiu à mesmice. Decididamente, Mozz não perdeu a mão.
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Veja o vídeo de “I'm Thowing My Arms Around Paris”:
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