terça-feira, 23 de junho de 2009

Morrissey: vivo e chutando


CD
Years of Refusal (Universal Music) 
2009


Resenha publicada originalmente no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 149 (maio de 2009).



‘Years of Refusal’, novo álbum de Morrissey, não economiza nas guitarras

Não é o caso de citar nomes. Mas é verdadeiramente patético ver artistas outrora relevantes e influentes se transformando, ao longo da carreira, em caricaturas de si próprios. Contudo, esse não é o caso de Morrissey, que está lançando o seu nono álbum solo de estúdio, Years of Refusal.

Desde a sua “ressurreição” artística – com o ótimo You Are the Quarry, de 2004 –, o ex-Smith só tem acertado. O anterior, Ringleader of the Tormentors (2006), aliás, não deixava a bola cair.

O atual, no entanto, é ainda melhor.

A despeito da passagem dos anos, a voz de Morrissey permanece inalterada. As letras do bardo de Manchester também continuam melancólicas e ácidas como sempre. Dessa vez, no entanto, as canções são emolduradas por guitarras ásperas, o que faz com que o artista soe “rejuvenescido”.

E o que é mais interessante: sem qualquer indício de “síndrome de Peter Pan”.

A virulência começa já na faixa inicial, “Something Is Squeezing My Skull” – que pode aplicar um baita susto nos seus fãs mais fenfíveis. E reaparece em vários momentos do disco, como “Mama Lay Softly On The Riverbed”, “Black Cloud” e “I'm OK By Myself”, que encerra o álbum.

Fato: Morrissey nunca gravou um trabalho tão pesado em toda a sua discografia. Nem mesmo nos Smiths.

Mas o cantor não perdeu a “ternura”. Prova disso são as suaves “You Were Good In Your Time” e “I'm Thowing My Arms Around Paris”, que não soaria deslocada em um disco de sua antiga banda. Outro bom momento é a longa e climática “It's Not Your Birthday Anymore”.

O projeto gráfico é um capítulo à parte. Morrissey, com pinta de mecânico, aparece na capa com o menino Sebastien Pesel-Browne – filho de Charlie Browne, um de seus assistentes – no colo.

Years of Refusal é o primeiro CD de inéditas do inglês editado pela Decca, representada no Brasil pela Universal Music. No ano passado, a gravadora havia lançado a compilação Greatest Hits [leia a resenha aqui], que adiantou duas faixas desse álbum: “All You Need Is Me” e “That's How People Grow Up”.

É um alento constatar que um dos maiores ídolos da década de 1980 não sucumbiu à mesmice. Decididamente, Mozz não perdeu a mão.


Leia também:



Veja o vídeo de “I'm Thowing My Arms Around Paris:

Nenhum comentário: