sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Arctic Monkeys: somos tão jovens

CD Favourite Worst Nightmare (EMI)
2007


Resenha publicada no jornal
IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 132 (maio de 2007).



A despeito do estouro do primeiro disco, os garotos de Sheffield não ligam a mínima para a pressão do segundo álbum

Com seu primeiro álbum, os Arctic Monkeys provaram a eficácia de um hype de Internet nos dias de hoje: no ano passado, venderam mais de um milhão de cópias de Whatever People Say I Am, That's What I'm Not apenas na Grã-Bretanha - sendo as 364 mil logo na semana de lançamento (!) -, totalizando 2,1 milhões de cópias no mundo inteiro. Foi o álbum de estréia mais vendido do mercado fonográfico britânico em toda a história.

Só que um estouro dessas proporções gera, inevitavelmente, um efeito colateral: a pressão sobre o trabalho seguinte. Na Inglaterra, o comentário é que, esse era "o mais aguardado segundo álbum" em dez anos. Mas parece que os garotos de Sheffield não deram bola para isso: Favourite Worst Nightmare, lançado mundialmente pela EMI, segue (quase) à risca a fórmula de seu antecessor.

Em entrevista recente, a banda declarou que: "apenas 12 meses se passaram", numa tentativa de despistar os fãs que esperavam alguma modificação radical. O vocalista Alex Turner afirmou que, em Favourite..., os Monkeys optaram "pela espontaneidade" e, sendo assim, não havia nenhuma mudança brusca de estilo. Mas que algo mudou, mudou: os mais atentos perceberão que o disco novo é menos rápido do que o anterior. E isso acaba sendo uma virtude.

O mesmo rock veloz, urgente, juvenil que fez a cabeça de milhões de adolescentes em todo o planeta está presente na seqüência inicial do disco: "Brianstorm" (o primeiro single), "Teddy Picker", "D Is for Dangerous" e "Balaclava". Mas em "Flourescent Adolescent", o ritmo já diminui... e a coisa melhora. Quem gostou do primeiro disco, certamente gostará do segundo.

É estranho estabelecer faixa etária para apreciação musical, visto que, pelo menos teoricamente, a arte é livre - e, portanto, não se compartimenta. Mas é impossível não associar a energia da música dos Arctic Monkeys à galera teen. Resumindo: é basicamente música feita por garotos e para garotos - pessoas com mais de 25 anos podem não achar a menor graça no som da banda.

Mas é curioso ouvir "Only Ones Who Know", que tem surpreendentes ares de balada dos anos... 50 (!). Bem interessante. Parece um sinal de que, mais adiante, eles podem vir a fazer coisas... bem melhores.

Continuemos a observar os Arctic Monkeys - ainda que à distância. E vejamos onde isso vai dar.

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