sexta-feira, 9 de novembro de 2007

The Police: 'aqueles dias' voltaram


CD The Police (Arsenal, Universal)
2007


Resenha publicada no jornal
IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 135 (agosto de 2007). Versão atualizada.


“Those days are over”? Que nada: aproveitando o histórico retorno, é lançada boa coletânea dupla do grupo

Há exatos 30 anos, The Police (ainda com Henri Padovani na guitarra) editava “Fall Out”, seu primeiro single. E foi justamente essa efeméride que serviu de justificativa para que o grupo retomasse as suas atividades, anunciando turnê mundial que se estenderá até março de 2008 e também o lançamento de um MTV Unplugged. Aproveitando o momento, a gravadora Universal (em parceria com o selo Arsenal) acaba de colocar no mercado uma coletânea dupla, batizada apenas com o nome do trio.

Formado por músicos de notável técnica - o baixista Sting, o guitarrista Andy Summers e o estupendo Stewart Copeland na bateria - o Police, durante breves sete anos de carreira, gravou apenas cinco discos de estúdio - Outlandos d'Amour, 1978; Reggatta de Blanc, 1979; Zenyatta Mondatta, 1980; Ghost in the Machine, 1981; e Synchronicity, 1983 -, que exerceram enorme influência em muita gente (inclusive aqui no Brasil). Com canções simplesmente perfeitas, embaladas em uma instigante mistura de punk, rock e reggae, o grupo certamente assegurou seu lugar no panteão dos dez melhores de todos os tempos.

Certa vez, alguém disse, sabiamente, que o Police era uma banda que “não tinha medo dos espaços vazios”. Verdade. Poucos grupos na história do rock levaram tão sério a postura do power trio - no estúdio, não exageravam nos overdubs [nota: gravações sobrepostas de um mesmo instrumento - em especial, guitarras e teclados]. E, na atual turnê, estão apenas os três músicos no palco - sem teclados, backing vocals, nada.

A última apresentação da banda foi diante de 60 mil pessoas no dia 04 de março de 1984, na Austrália, no término da tour do álbum Synchronicity. Consta que, durante um show realizado em Atlanta, naquela mesma turnê, Sting olhava a multidão e pensava: “Chegamos no topo. Não há mais para onde ir. Daqui para frente... é só queda.” Provavelmente foi essa impressão - somada às constantes brigas internas - que acabou levando o Police a um recesso do qual retornaria somente esse ano. E jamais houve uma reunião formal entre os três integrantes para que ficasse acertado o fim do grupo.

Já no ano seguinte, Sting lançou The Dream of Blue Turtles, álbum híbrido de pop e jazz, dando início a uma bem-sucedida carreira solo - que, via de regra, é sempre alvo da antipatia da crítica. Mas isso é assunto para um outro artigo...


Turnê mundial passará pelo Brasil

O trio chegou a se reunir em situações especiais (para três shows da Anistia Internacional, em 1986; para o casamento de Sting com a atriz Trudie Styler - onde tocaram para os privilegiados convidados da festa - em 1992; e no ingresso da banda no Rock'n'Roll Hall of Fame, em 2003). E, em 1986, os músicos chegaram a entrar em estúdio para gravar uma nova versão de “Don't Stand So Close to Me”, que foi o chamariz para a coletânea Every Breathe You Take - The Singles. Entretanto, a consolidação, disco após disco, da carreira solo de Sting - a despeito das opiniões contrárias da imprensa musical - fazia com que uma volta do Police se tornasse uma hipótese cada vez mais remota.

A primeira aparição do redivivo grupo foi na entrega do Grammy, no dia 11 de fevereiro desse ano. Tocaram “Roxanne” e encantaram não somente ao público presente à cerimônia como também a milhões de pessoas que assistiam à transmissão via satélite, em todo o planeta. O frescor e vitalidade dos músicos deixaram a impressão geral de que o tempo não havia passado. Logo no dia seguinte ao Grammy, diante de uma pequena e animada platéia, o Police realizou um mini-show no Whisky a Go-Go de Los Angeles, onde foi feito o anúncio oficial da turnê.

Quanto à compilação recém-lançada... Bem, o repertório é impecável: “Every Little Thing She Does is Magic”, “Message in a Bottle”, a ótima “King of Pain”, “Walking on the Moon”, “Every Breathe You Take”, os clássicos estão todos lá - inclusive, a já mencionada “Fall Out”. Portanto, para quem está chegando agora e quer se inteirar no assunto, é altamente recomendável. Para os fãs de primeira hora, contudo, o ideal é a caixa quádrupla (importada) Message in a Box - The Complete Recordings, de 1993, que, além dos sucessos, apresenta raridades, lados B e faixas gravadas ao vivo. Coisa fina mesmo.

Ou, então, é só aguardar o lançamento do Acústico do trio. E, principalmente, a apresentação (única) da banda em terras brasileiras, após 25 anos (!) - o show está marcado para o dia 08 de dezembro, no Estádio do Maracanã. Contagem regressiva.

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