CD/DVD Ao Vivo (EMI)
2006
Resenha publicada no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 133 (junho de 2007).
Cantor carioca faz um balanço da carreira em CD e DVD ao vivo
Quase doze meses após o seu lançamento, Ao Vivo (também editado em CD, pela EMI), o mais recente trabalho do carioca Jorge Vercilo, foi recentemente laureado com o DVD de Ouro. Pelos novos parâmetros adotados pela APPB (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), as quase trinta mil cópias vendidas credenciam o músico à premiação. Esse é o seu segundo DVD - o primeiro foi Livre, 2003. No mês passado, Jorge também recebeu o Prêmio Tim, na categoria Melhor Cantor Pop.
Vercilo é um daqueles típicos casos de artista que tem público cativo - e cada vez mais numeroso - , mas que, por outro lado, não obtém respaldo por parte da crítica "especializada" (sim, com aspas). Mas por que será?
Como autor, a sua competência já está provada. Quem, em sã consciência, poderia dizer que a intensa "Fênix" é ruim? E o que deve "Do Jeito que For", digamos, à bela "Queixa", de Caetano Veloso? Além das duas citadas, Jorge compôs finos biscoitos pop como "Invisível", "Homem Aranha" e a carioquíssima "Que Nem Maré", o grande sucesso de sua carreira até o momento. O mesmo, no entanto, não pode ser dito sobre "Mona Lisa" - tentativa vã de repetir o êxito dessa última - e a embaraçosa inédita "Vela de Acender, Vela de Navegar" ("Vê-la me deixa assim a pé/ Vê-la me dá certeza de quem eu sou/ pra deixar de ser mané." Então, tá...)
Bem, de qualquer forma, o saldo dele ainda é bastante positivo.
Como intérprete, ele também convence: basta ouvir a sua versão para "Beatriz", a jóia de Edu Lobo e Chico Buarque, cuja melodia sinuosa é simplesmente proibitiva para muitos que se cadastraram na Ordem dos Músicos como "cantores".
Munição para convencer os incrédulos
As restrições da crítica são, basicamente, duas. Em primeiro lugar: exatamente como Pedro Mariano, Vercilo sofre de uma certa... indefinição estilística. As pessoas eventualmente não sabem se ele pop ou se é MPB - e, com isso, ele acaba não sendo nem uma coisa... e nem outra. O curioso é que ele funciona bem tanto na seara da MPB - na supracitada "Beatriz" - quanto como músico pop. No DVD, dois bons exemplos são: "Signo de Ar" (parceria com Nico Rezende) e "Final Feliz" (já gravada pelo Só Pra Contrariar, com participação de ninguém menos do que o já mencionado Caetano), em que o aparentemente tímido Vercilo esquece um pouco o violão e evolui pelo palco.
Segundo: a crítica o acusa de ser (reparem o eufemismo) "excessivamente reverente" a Djavan - no timbre, maneirismos vocais, arranjos, batida de violão, etc. E o pior é que, ambos os casos... a bronca procede. Contudo, não se trata de questões que não possam ser reavaliadas. E corrigidas.
Não é o caso, portanto, de descredenciar o seu trabalho
Além de boa entrevista, making of, e delirante video release de Jorge Mautner, o DVD traz, nos extras, duas faixas bônus: "Abismo", dueto um tanto frio com Ana Carolina; e a descontraída "Pela Ciclovia", com participação de Leila Pinheiro (que a gravou em seu bom álbum Nos Horizontes do Mundo, 2005) e do craque Marcos Valle, parceiro de Vercilo na canção. O clipe dessa última foi gravado na praia do Leme, bairro natal do anfitrião.
Acredite: Ao Vivo pode até não ter munição para convencer aos detratores. Mas aos incrédulos, sim. E, pelo que se sabe, Vercilo é um sujeito batalhador, que lutou bastante para conquistar a notoriedade que hoje desfruta.
Mas a verdade é que ele poderia ir ainda mais longe.
Quer saber? Torço por ele.
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