sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A nova aventura de Damon Albarn

CD The Good, The Bad & The Queen (EMI)
2007


Resenha publicada no jornal
IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 133 (junho de 2007).



Na companhia de figurões, o líder do Blur apresenta o seu novo projeto: The Good, The Bad & The Queen

Depois da literal "banda desenhada" [nota: esse é o termo utilizado em Portugal para designar história em quadrinhos] Gorillaz, muita gente esperava de Damon Albarn um novo álbum do Blur. Pois é, não foi dessa vez. O músico britânico optou por recrutar Paul Simenon (sim, esse mesmo: o baixista do Clash), Tony Allen (baterista de Fela Kuti) e o guitarrista Simon Tong (Verve) para pôr em prática o projeto The Good, The Bad & The Queen. O grupo, além de ter tocado na edição desse ano do conceituado Coachella Music Festival, na Califórnia, acaba de editar mundialmente o seu primeiro álbum, epônimo, pela EMI.

Quem imaginava que daí resultaria algo próximo de uma obra-prima pop - considerando o currículo dos envolvidos - terá mais um desapontamento: Albarn realizou, na verdade, um trabalho com forte influência folk. Você pensou agora em... sei lá, Cat Stevens? Esqueça.

Produzido por Danger Mouse (que vem a ser metade do duo Gnarls Barkley e também responsável pelo segundo disco do Gorillaz, Demon Days, 2005), o álbum realmente abusa dos violões. Mas os arranjos são temperados com efeitos viajandões mais facilmente encontráveis no dub jamaicano, criando uma atmosfera quase sempre soturna - que pode soar tediosa a alguns.

Embora a primeira da bolacha, a sombria "History Song", possa assustar as criancinhas, é claro que Albarn não perdeu a manha de compor canções assobiáveis: "Kingdom Of Doom" possui melodia britpop; "Northern Whale", a melhor do disco, tem um quê de John Lennon; e "80's Life" apresenta harmonias vocais típicas dos Beach Boys. Todas, entretanto, foram revestidas por um verniz experimental. Destaque também para "Green Fields", "Herculean" e a longa faixa-título, que finaliza os trabalhos com seus sete minutos de duração.

The Good, The Bad & The Queen tem lá seus momentos interessantes. Seu mérito maior, entretanto, é estar bem distante do óbvio.

Mas não é para qualquer ouvido.

O problema é que muita gente espera que Damon Albarn ainda venha a compor uma nova "Tender"...

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