CD Pedro Mariano (Universal)
2007
Resenha publicada no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 134 (julho de 2007).
Em seu quinto álbum de estúdio, o irmão de Maria Rita continua ser dizer a que veio
DNA de respeito, pelo menos, Pedro Mariano (que está de CD novo, epônimo, o primeiro pela Universal Music) tem: de um lado o maestro César Camargo Mariano; do outro, a maior cantora que esse país já teve (adivinha?). Se tudo dependesse apenas desse fator, o irmão de Maria Rita e João Marcelo Bôscoli mereceria melhor sorte. Trata-se de um intérprete de boa afinação e timbre agradável - embora não possua grande extensão de voz.
Mas o fato é que, em dez anos de carreira, ele teve apenas um registro fonográfico à altura de sua árvore genealógica: Piano e Voz (2004), gravado na companhia de seu famoso pai. Grande parte da qualidade daquele trabalho reside no fato de que, ali, Pedro procurou ser um cantor de MPB. Isso porque, via de regra, ele sofre de um mal chamado "indefinição estilística": ninguém sabe ao certo se ele quer ser cool ou imprimir swing à sua música.
E, em seu recém-lançado álbum, as incertezas continuam. "Tá Tudo Bem", que abre os trabalhos, é pop ensolarado é bem-intencionado - mas tão diluído quanto um envelope de Tang dentro de uma caixa d'água.
Jorge Vercilo - que, como autor, já acertou várias vezes - cede duas canções para o trabalho, ambas insípidas: "Poder" e "Personagem". Esta última é parceria com Ana Carolina que, como compositora, é uma cantora de grande material vocal. "Procurando por Mim" foi composta por Moska. E o autor de "A Seta e o Alvo" já escreveu coisas bem melhores...
Como fator complicador, Pedro insiste, mais uma vez, nas canções invariavelmente inócuas de Jairzinho Oliveira, como "Quarto Vazio", "Intacto" e o... hã... samba (?) "Sujou, Camarada". "Ventania" até que é melhorzinha. De qualquer forma, alguém deve ter dito que o filho de Jair Rodrigues era um grande compositor.
E agora? Ele acreditou.
Mas calma: nem tudo no álbum é assim tão ruim. Tem as versões chiques para "Além de Amar", de Djavan, e "Só Deus é Quem Sabe", de Guilherme Arantes, gravada por Elis em seu derradeiro álbum. De zero a dez, nota seis para ambas.
O melhor momento, na verdade, é "Risos e Memórias", que fecha o disco e, sinceramente, merecia fazer sucesso. Composta por Diego Saldanha (autor de "É Cedo", que o Roupa Nova gravou com a participação do próprio Pedro em RoupAcústico 2), a canção exige um enfoque, digamos... mais emocional - e Pedro não fez feio.
Mas, cá pra nós: uma música dessas na mão de um artista despudoradamente "romântico"...
Taí: provavelmente Pedro Mariano teria resultados muito melhores se fosse um intérprete menos blasé e mais intenso, mais espontâneo. Seria bacana se ele um dia acertasse a mão e se tornasse o jovem cantor de sucesso que, atualmente, o mercado brasileiro não possui.
Mas ainda não foi dessa vez.
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