segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Chico Buarque: até breve


CD Carioca Ao Vivo (Biscoito Fino)
2007


Resenha publicada no jornal
IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 136 (setembro de 2007).



Carioca Ao Vivo registra a turnê de Chico Buarque

Como tem acontecido nos últimos dez anos, o poeta-maior Chico Buarque editou um álbum de inéditas (Carioca, de 2006) e saiu em turnê para divulgar o trabalho. Como também é de praxe em se tratando de Chico, o compositor registrou uma de suas apresentações (dessa vez, na íntegra) e lançou em CD duplo e DVD - sintomaticamente batizados de Carioca Ao Vivo. Gravado no Canecão (RJ) no início do ano, esse é o segundo produto de Chico pela gravadora Biscoito Fino.

Naturalmente, o repertório do show está estruturado no disco de estúdio - todas as canções de Carioca foram incluídas no espetáculo. Destaque para a melodia sinuosa (de autoria de Antonio Carlos Jobim) de “Imagina” - que conta novamente com a participação da cantora Mônica Salmaso -, “Outros Sonhos” e a bela “Renata Maria”, parceria com Ivan Lins.

O roteiro foi criado pelo próprio Chico, que optou por deixar de fora vários clássicos, em prol do encadeamento temático das canções. Assim “As Atrizes” se funde a “Ela Faz Cinema”; “As Vitrines”, se mistura a “Subúrbio”, e assim sucessivamente.

Mas é claro que, sendo dono de uma obra que o coloca como um dos monolitos da cultura nacional, Chico não poderia excluir obras-primas como “Mil Perdões” e “Futuros Amantes”. Mesmo em um espetáculo sofisticado e de enorme concentração (que alguém classificou recentemente - e de modo brilhante - como “música-literatura”), sambas como “Deixa a Menina”, “Sem Compromisso” e “Quem te Viu, Quem te Vê” não soam deslocados. No fechamento dessa edição, o DVD estava prestes a ser lançado. Curiosidade: o produto não apresenta o mesmo áudio da apresentação escolhida para o CD.

Encerrada a turnê, se a escrita se mantiver, o cantor entra agora em “recesso musical” - sua última reclusão, aliás, foi mencionada na canção que inicia o espetáculo, “Voltei a Cantar”, composta pelo grande Lamartine Babo para o cantor Mário Reis (“Ó meu samba, velho amigo/ Novamente estou contigo/ Uma vida me transtorna/ Como um filho à casa torna/ De ti nunca me esqueci”). De tempos em tempos, Chico recolhe-se para escrever romances - o próximo, caso venha a se confirmar, será o quarto (o último foi o ótimo Budapeste, de 2003). De modo que, a seus admiradores, só resta, nesse momento, desejar êxito ao artista em sua nova empreitada.

E um breve e feliz regresso.

Nenhum comentário: