Esse blog reúne mais de 200 resenhas e artigos que tenho escrito ao longo dos anos para o jornal musical carioca IM - International Magazine - do qual fui colaborador de 2005 a 2009 -, para o portal Let's Rock e para o tomneto.blogspot.com. Para reproduzir qualquer texto deste blog, entre em contato com o autor.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Maria Rita: na cadência bonita do samba
CD Samba Meu (Warner)
2007
Resenha publicada originalmente no TOM NETO.COM.
Em seu terceiro álbum, Maria Rita dedica-se inteiramente ao ziriguidum
A bem da verdade, o samba não é uma novidade na carreira de Maria Rita. A cantora já havia feito incursões no gênero tanto em seu primeiro álbum (com “Cara Valente”, do (ex?) hermano Marcelo Camelo) quanto em Segundo (na boa “Recado”, de Rodrigo Maranhão). Novidade foi o fato de a filha de Elis ter dedicado um álbum inteiro ao gênero: esse é caso de seu terceiro disco, sintomaticamente batizado de Samba Meu, que chega ao mercado via Warner.
Com sua bela capa - aliás, a cantora está cada vez mais bonita e sensual -, Samba Meu (produzido por Leandro Sapucahy) sofre da mesma linearidade de trabalhos focalizados em um único gênero (em se tratando de um disco inteiro de reggae ou blues, a impressão seria igual). Além disso, ao contrário de Marisa Monte - que em seu Universo ao Meu Redor, produzido por Mário Caldato Jr., inseriu timbres e efeitos incomuns em discos de samba - Maria Rita optou por um enfoque inegavelmente tradicional. Mas, como diziam os antigos, ela tem bossa. E consegue se sair bem.
Não leve em conta a melancolia da faixa-título, que abre o álbum. O disco começa realmente na segunda música, “O Homem Falou”, de Gonzaguinha, com participação da Velha Guarda da Mangueira. Outro destaque é “Num Corpo Só”, de Arlindo Cruz (que, aliás, contribui com seis das quatorze canções do álbum), em registro que nada deve a sambas gravados por sua famosa mãe. E por falar em maternidade: “Cria”, de autoria de Serginho Meriti e César Belieny, é uma faixa simpática que fala sobre uma criança - mas sob a ótica da mãe.
O maior acerto, no entanto, foi a escolha do primeiro single de trabalho: “Tá Perdoado”, também de Arlindo Cruz, é simplesmente um golaço. A letra remete imediatamente a “Tô Voltando”, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, bastante conhecida na voz de Simone: “(...) A saudade me esquentou/ Consertei o ventilador/ pro teu corpo não ficar suado./ Nessa onda de calor, eu até peguei uma cor/ tô com o corpo todo bronzeado./ Seja do jeito que for, eu te juro meu amor/ Se quiser voltar, tá perdoado”.
A despeito do purismo - e da conseqüente reafirmação do apreço de Maria Rita pela tradição da música brasileira -, Samba Meu não deixa de ser um movimento inesperado na carreira da cantora.
E assim, ela segue em frente.
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