Esse blog reúne mais de 200 resenhas e artigos que tenho escrito ao longo dos anos para o jornal musical carioca IM - International Magazine - do qual fui colaborador de 2005 a 2009 -, para o portal Let's Rock e para o tomneto.blogspot.com. Para reproduzir qualquer texto deste blog, entre em contato com o autor.
sábado, 6 de janeiro de 2007
Burt Bacharach: biscoito finíssimo
CD At This Time (Sony BMG)
2006
Resenha publicada no jornal IM - INTERNATIONAL
MAGAZINE, edição nº 120 (abril de 2006).
Oito anos após o seu último de inéditas, o magistral Painted From Memory (composto e gravado ao lado de Elvis Costello, que dispensa apresentações), os amantes da boa canção pop podem alegrar-se com o retorno de um verdadeiro mestre dessa matéria: o maestro e pianista norte-americano Burt Bacharach - prestes a completar 78 anos d idade - lança At This Time (Sony BMG).
Certamente um dos cinco maiores compositores populares do planeta em todos os tempos, Bacharach é autor de pérolas como "I Say I Little Prayer", "Alfie", "I'll Never Fall In Love Again", "The Look Of Love" (da trilha sonora do filme Casino Royale, uma sátira ao Agente 007) e foi gravado por nomes consagrados como os Beatles ("Baby It's You), Carpenters ("Close To You"), Christopher Cross ("Arthur's Theme"), Chris DeBurgh ("Love Is My Decision"), além de sua maior intérprete, Dionne Warwick ("Walk On By", "That's What Friends Are For" e muitas outras).
Influência confessa de meio mundo do pop (do Oasis até o próprio Sir Paul McCartney, passando pelo já mencionado Elvis Costello - que, aliás, participa do álbum cantando brilhantemente "Who Are These People?", repetindo a química perfeita de Painted... - por que eles não gravam outro CD, juntos?), Bacharach já admitiu publicamente ser um grande admirador de Antônio Carlos Jobim e de... baião - não, você não leu errado; o maestro conheceu o ritmo nordestino em uma visita ao Brasil, como pianista da cantora Marlene Dietrich.
E em At This Time, Bacharach (ainda que a programação eletrônica na introdução da ótima "Please Explain", a faixa que abre o álbum, faça com que o ouvinte se pergunte se está realmente ouvindo o CD correto) permanece fiel ao seu estilo e presenteia o ouvinte com o melhor de sua arte: os vocais femininos, as belas frases de metais e cordas, além de sua impressionante capacidade melódica - capaz, em meio à enorme elaboração, de induzir uma falsa simplicidade.
O jovem trompetista Chris Botti (que já acompanhou Sting) participa de duas faixas ("Dreams" e a instrumental "In Our Time") do álbum, do qual também se destacam "Can't Give Up" (típico arranjo Bacharach), "Where Did It Go" e "Is Love Enough?". Curioso é notar um surpreendente... desânimo nas letras - quem sabe um reflexo do governo de George W(ar) Bush? - , contrabalançando com a leveza e elegância presentes em todo o disco.
Pop sem ser vulgar. Refinado sem ser pretensioso nem chato. Cotação: biscoito finíssimo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário