sábado, 6 de janeiro de 2007

Rolling Stones: estouro, sim

CD 
A Bigger Bang (Virgin/EMI)
2005


Resenha publicada no jornal
IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 117 (novembro de 2005).




Depois de um hiato de oito anos sem um disco de inéditas (Bridges To Babylon é de 1997, sem contar No Security, 1998, e Live Licks, 2004, ambos gravados ao vivo; e a coletânea 40 Licks, de 2003), os holofotes do mundo se direcionam novamente aos Rolling Stones, por ocasião do lançamento de A Bigger Bang, sem dúvida o melhor trabalho da banda nos últimos anos. O título remete à teoria científica sobre a criação do Universo.

O lendário grupo inglês já inicia os trabalhos com três petardos: "Rough Justice", "Let Me Down Slow" e "It Won't Take Long", mostrando que os sexagenários músicos estão em ótima forma. A quarta música "Rain Fall Down", se assemelha a "Miss You", com uma guitarra para lá de suingada. Surge então o primeiro single de trabalho desse CD: "Streets Of Love", uma balada de refrão pungente, na linha de "Out Of Tears" (de Voodoo Lounge, 1994).

Logo após, temos "Back Of My Hand", um blues castiço, na melhor tradição do gênero, lembrando muito algumas gravações do ao-vivo-colcha-de-retalhos Stripped (1995). "She Saw Me Coming" é um rock cujo refrão traz um duplo-sentido: tanto pode ser compreendido como "ela me viu chegando" ou "ela me viu... gozando". Trocadilho típico de Mick Jagger. "Biggest Mistake" é uma boa balada, com guitarras bem tocadas. "This Place Is Empty" é uma canção suave, cantada de uma maneira que somente Keith Richards saberia.

O CD prossegue com mais dois rocks vigorosos: "Dangerous Beauty" e "Oh No Not You Again". Essa última lembra - e muito - "Respectable" (canção de Some Girls, 1978, feita em "homenagem" à ex-esposa d Jagger, a nicaragüense Bianca). Curiosamente, comenta-se que "Oh No..." também fora composta para a mãe (brasileira) de um dos filhos de Jagger...

Surge então um dos destaques do álbum: "Laugh I Nearly Die", um soul genuíno com uma interpretação magistral de Mick Jagger, que Smokey Robinson certamente assinaria. A faixa que a sucede é a mais polêmica do disco: em "Sweet Neo-Con" os Stones se posicionam contra a política neo-conservadora do presidente americano George W. Bush, que é presenteado com "mimos" do tipo "hipócrita"e "um merda".

Mais dois rocks potentes: "Driving Too Fast" (que deve funcionar barbaramente tocada ao vivo) e "Look What The Cat Dragged In" (cuja guitarra lembra, curiosamente… INXS). "Infamy" cantada por Keith Richards, fecha o álbum.

A Bigger Bang surpreende a todos aqueles que pensavam que "os Stones não sabem mais fazer álbum de estúdio", e gerou uma turnê mundial que, como é sabido, passará pelo Brasil no dia 18 de fevereiro de 2006.

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