sábado, 6 de janeiro de 2007

Fábio Jr.: um peso e uma medida

CD Novelas (Som Livre)
2005


Resenha publicada no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 119 (fevereiro de 2006).



A Som Livre acaba de editar Novelas, coletânea de músicas de Fábio Jr. que integraram trilhas sonoras globais. "O quê? Fábio Jr no IM - INTERNATIONAL MAGAZINE?" Calma, amigo (a) leitor (a)... Ao término desse artigo, você pode até continuar detestando o pai da Cléo Pires. Mas, talvez... tenha argumentos para ver que a questão não é bem assim...

Claro, existe no Brasil esse reducionismo de estigmatizar certos artistas - e sem uma prévia avaliação imparcial. Entretanto, apesar de Fábio Jr. ser mais reconhecido atualmente pelo lado mais popular de seu trabalho (para muitos, brega mesmo), é importante observar que, no final dos anos 70, quando inexistia uma cena pop em nosso país - Kid Abelha e Lulu Santos ainda não haviam surgido - esse espaço era preenchido por Fábio Jr., com uma sucessão de hits como "Enrosca" (de Guilherme Lamounier, autor já comentado aqui no tablóide) e "Eu Me Rendo" (do tecladista Sérgio Sá), que, inexplicavelmente, ficou de fora do álbum - visto que era tema de abertura da novela O Amor é Nosso.

Ao longo de sua carreira, Fábio Jr. vem gravando compositores como Djavan ("Se", do mais recente CD, O Amor é Mais, lançado no ano passado) e Nico Rezende ("Transas", em 1999), entre outros. E Novelas apresenta um cardápio variado de autores, como Vinícius Cantuária (presente em "Só Você", sucesso gravado por nomes tão díspares como Fagner e... Capital Inicial) e Márcio Greyck (que compôs a desencantada "Aparências"), representado aqui em "Impossível Acreditar Que Perdi Você".

Nessa coletânea, também estão disponíveis: a singela "Esqueça (Forget Him)" versão de Roberto Côrte Real - imortalizada por Roberto Carlos - e duas do célebre compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues: "Esses Moços (Pobres Moços)" e a bela versão intimista para a angustiada "Volta".

O lado autoral de Fábio Jr. é minoritário em sua carreira, mas está presente na sentimental "Pai", na interiorana "Rio e Canoa" (estilo Renato Teixeira - autor de "Romaria" e "Tocando Em Frente", definido anteriormente pelo cantor como "o maior poeta caipira do Brasil") e em "20 e Poucos Anos" (que já foi gravada pelos... Raimundos!).

Conclusão: é curioso observar Caetano Veloso vendendo um milhão de cópias pela primeira vez em sua carreira por causa de uma composição de Peninha ("Sozinho") e ver "Alma Gêmea", do mesmo Peninha (cujo refrão, no DVD Fábio Jr. Ao Vivo, de 2001, foi cantado fervorosamente por um Olympia lotado, diante de um cantor entre surpreso e emocionado) sendo tratada com tamanha má-vontade por uma determinada camada da imprensa e do público.

Parafraseando o próprio Fábio, seria interessante que essas questões fossem avaliadas sem peso e sem medida. Ou pelo menos, com somente UM peso.... e UMA medida.

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