A Time to Love (Motown/ Universal)
2005
Resenha publicada no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 120 (abril de 2006).
Boa notícia: depois de um incrível hiato de uma década (!) sem um CD de inéditas (sim, Conversation Peace é de 1995), o genial Stevie Wonder, após tantos adiamentos, edita A Time To Love (Motown - Universal), um trabalho à altura do talento de Wonder - e estamos falando do artista que gerou clássicos como Talking Book e Innervisions, além da obra-prima Songs In The Key Of Life (1976).
Outra boa notícia: o músico americano encontra-se em ótima forma. A tribal "If Your Love Cannot Be Moved") abre o álbum. Embora a faixa seja bem interessante, Wonder já teve melhores momentos na seara étnica - como na célebre "Pastime Paradise", de Songs..., por exemplo. O CD começa mesmo na segunda música: "Sweetest Somebody I Know", que traz um irresistível swing... samba (não, não há erro gráfico aqui). A melodia, em alguns momentos, lembra "Samba de Uma Nota Só", de Antônio Carlos Jobim & Newton Mendonça.
É importante lembrar que no show do Free Jazz Festival de 1995, Stevie citou "Você Abusou" ao tocar "Ribbon In The Sky". O samba de Antônio Carlos & Jocafi era um sucesso quando Wonder visitou o Brasil pela primeira vez, no início da década de 1970.
Baladas de alto nível dão a tônica do trabalho - como a linda "Passionate Raindrops", "Shelter In The Rain", "True Love" e a longa "Moon Blue" (com um belo solo de piano).
Já "My Love Is On Fire" e "So What The Fuss" apresentam os elementos que todos reconhecemos em Stevie Wonder: o balanço, a fluência melódica, o inconfundível registro vocal. A indefectível gaita (presente em gravações tão distintas como "Brand New Day", de Sting e "Samurai", de Djavan) não poderia faltar, claro: ela aparece em "From The Bottom Of My Heart" (que já nasceu clássica), "Can't Imagine Love Without You" e "Tell Your Heart I Love You". E o funk - favor não confundir com o batidão carioca - está em "Please Don't Hurt My Baby".
"How Will I Know" e "Positivity" contam com a participação vocal de sua filha, Aisha Morris, que inspirou o hit "Isn't She Lovely?" ("Life is Aisha / the meaning of her name"), do já citado Songs In The Key Of Life.
Além do próprio Stevie, outro monstro sagrado está presente em A Time To Love: Sir Paul McCartney toca guitarra na faixa-título, fechando o álbum extenso desse artista superior, que influenciou músicos de vários estilos e gerações.
Tomara que o próximo CD não demore mais dez anos...
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