CD
On An Island (Sony - importado)
2006
Resenha publicada no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 126 (outubro de 2006).
Após a já lendária reunião do Pink Floyd no Live 8 (e o oportuno lançamento, esse ano, do DVD duplo P.U.L.S.E, registro de sua última turnê mundial - disponível até então apenas em VHS), começaram as especulações sobre uma possível volta da banda. Na entrevista de lançamento do audiovisual, Richard Wright e Nick Mason mostraram-se abertos a qualquer possibilidade - ao contrário de David Gilmour (detentor do nome da banda) que, de modo naturalmente fleumático, refutou a hipótese de uma retomada das atividades do quarteto. Aliás, tanto Gilmour quanto o outro pólo criativo do Pink Floyd, o baixista Roger Waters, encontram-se, coincidentemente, em turnê européia. Waters vem divulgando a sua ópera (!) Ça Ira e o guitarrista, o seu On An Island, 22 anos (!) após a sua última empreitada solo.
E Gilmour concebeu um álbum intimista que causa a sensação de que ele, verdadeiramente... não tem mais interesse em prosseguir com o dinossauro. On An Island apresenta dez canções, quase sempre com aquelas ambiências que o fã do Floyd conhece bem. A reflexiva faixa-título certamente não chega a ser uma "Wish You Were Here", mas deixa, de cara, uma boa impressão.
A verdade é que, como autor, Gilmour sempre esteve alguns degraus abaixo de seu arqui-rival Roger Waters. Para ser mais exato, a criação sempre foi o calcanhar-de-Aquiles do Floyd pós-Waters. Exemplo claro disso foi The Division Bell (1993), o último álbum de estúdio da banda, do qual (tirando, por exemplo, "What Do You What From Me", razoável blues espacial - se é que cabe tal nomenclatura) pouco se salvava. Mas sabe que, em On An Island, até que David não faz feio nas composições? Obviamente, não estamos diante de um novo Dark Side of The Moon (até porque a história jamais se repete), mas "The Blue", "When We Start" e o blues "This Heaven" são faixas bem interessantes.
E, no decorrer da bolacha, há, claro, a famosa técnica do músico inglês - ainda mais perceptível nas instrumentais "Castellorizon" e "Then I Close My Eyes". Isso não é novidade: o cara toca simplesmente uma barbaridade - provavelmente é um dos maiores guitarristas vivos do rock mundial - e permanece no seu inconfundível estilo (adivinha quem fez aquele solo lancinante de "No More Lonely Nights", de Paul McCartney?).
Quer saber? Enquanto não há uma solução para o impasse sobre o retorno dessa entidade que se tornou o Pink Floyd - e há também a possibilidade de a questão não se resolver nunca -, On An Island até que é um aperitivo fino, digno de ser degustado pelos apreciadores dessa nobre iguaria.
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