CD The Road To Escondido (Warner)
2006
Resenha publicada no jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, edição nº 128 (dezembro de 2006).
Eric Clapton é um workaholic. Editou há exatos doze meses o seu mais recente trabalho de inéditas, o bom Back Home; logo após, saiu em turnê mundial (apesar de ter declarado, em 2001, que não mais faria shows); e ainda teve tempo para reunir o lendário Cream para um DVD ao vivo (que, no exterior, saiu também em CD duplo). Agora, prosseguindo na série de tributos aos seus ídolos - o primeiro foi B.B. King, no ótimo Riding With The King, de 2000; logo após Robert Johnson, em Me And Mr. Johnson, de 2004 -, acaba de lançar The Road to Escondido (Warner), em parceria com J. J. Cale.
Para ainda quem não conhece, Cale é o autor de "Cocaine", um dos maiores sucessos da carreira de Clapton, além de "After Midnight" (faixa do primeiro álbum solo de EC, de 1970, e regravada para a caixa quádrupla Crossroads, de 1988 - versão que, aliás, fez enorme sucesso, impulsionada pela inserção no comercial da cerveja Michelob) e "Travelin' Light" (de Reptile, de 2001).
Acompanhada pela banda de Cale - com a participação especial de craques como o baixista Nathan East; o ótimo baterista Abe Labouriel Jr. (membro da banda de Paul McCartney); e o recém falecido tecladista Billy Preston (provavelmente em seu último trabalho) -, a dupla dialoga com suas vozes e guitarras, apresentando 14 canções, sendo 11 de autoria de Cale; uma de Clapton sozinho ("Three Little Girls"), uma parceria deste com John Mayer ("Hard To Thrill"); e um blues tradicional ("Sporting Life Blues"). Destaque para "Dead End Road", "When The War Is Over", "Ride The River" (o primeiro single), e "Danger", a faixa que abre a bolacha.
Estando na companhia de um músico root como J.J. Cale, era de se esperar que Eric Clapton deixasse em casa qualquer cacoete pop (de sucessos como "Heaven is One Step Away" ou "Pretending", por exemplo). E assim foi feito: The Road To Escondido é um álbum (com o perdão da redundância) estradeiro, cru, áspero, macho, que transita com naturalidade entre ritmos castiços, como o blues, o country e o shuffle. E que explica perfeitamente a reverência do Deus da Guitarra para com o trovador de Oklahoma.
Nota: Escondido é uma cidade situada no estado da Califórnia, EUA.
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